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INCRA DENUNCIA CONSTRUÇÃO
NÃO AUTORIZADA DE HIDRELÉTRICA
NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Julho de 2005
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15/07/2005 - O superintendente
regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária) no Amazonas, João
Pedro Gonçalves da Costa, denunciou a existência
de obras para a construção de uma
usina hidrelétrica no rio Ituxi, ao sul de
Lábrea, cidade próxima à fronteira
com Rondônia. "A área onde as
obras estão é particular, mas o entorno
são áreas federais, e o Incra não
tinha conhecimento deste empreendimento. Estamos
mandando ofício ao governo do estado, à
prefeitura de Lábrea e ao Ibama, para saber
se eles tinham ciência do fato", declarou.
A obra foi identificada
durante operação de 35 dias realizada
pelo Incra na região, iniciada no começo
de junho, em parceria com a Polícia Federal
(PF), o Sistema de Proteção da Amazônia
(Sipam) e a Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
Na operação, 15 fiscais percorreram
uma área de 8 mil quilômetros, a partir
de quatro ramais paralelos que saíam da rodovia
BR-364. Um deles, o chamado Ramal do Boi, é
uma estrada clandestina, de 120 quilômetros
de extensão, que tem no seu final três
cachoeiras.
"A gente viu
caminhões grandes, novos, trabalhando na
terraplanagem da área. Conversei com um engenheiro
que se identificou como sendo do Grupo Cassol. Ele
disse que construiriam uma hidrelétrica com
capacidade para gerar 100 megawatts de energia e
que nos próximos dias iriam dinamitar as
cachoeiras", contou Heloísa Reis, técnica
de cartografia do Incra.
O superintendente
informou ainda que, ao lado das obras, há
uma pista de pouso com cerca de 800 metros de comprimento.
O Grupo Cassol pertence à família
do governador de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB),
e iniciou suas atividades no estado em 1977, nos
setores madeireiro e agropecuário. Atualmente,
dedica-se ao setor de geração e comercialização
de energia elétrica. "O governador,
antes de ser político, era empresário.
O grupo já tem cinco pequenas hidrelétricas.
Eu comprei, com dois amigos, 3 mil hectares de terra
no Rio Ituxi e tenho autorização do
Ministério das Minas e Energia para fazer
o inventário hidrelétrico da área.
E é isso que o Grupo Cassol está fazendo:
apenas um estudo de viabilidade", afirmou Carlos
Henrique Alves, conhecido como Lingüiça,
servidor efetivo do governo de Rondônia e
atualmente ocupando o cargo de assessor para assuntos
políticos do governador.
"Uma geração
de 100 megawatts de energia é muito grande
para o nosso estado. Itacoatiara, que é o
maior municipio do interior [tem 78,4 mil habitantes],
não tem demanda para 20 megawatts",
explicou Raimundo Nonato Duarte, engenheiro da Diretoria
Técnica da Companhia Energética do
Amazonas (Ceam).
O chefe da fiscalização
do Ibama no Amazonas, Adilson Cordeiro, informou
que em 15 dias fiscais da Operação
Uiraçu, que atua no combate ao desmatamento
ilegal no sul do estado, chegarão ao sul
de Lábrea. "A gente tem denúncias
de irregularidades na área, mas nada sobre
a hidrelétrica", declarou. Dados do
Sipam acusam que Lábrea é o município
mais desmatado do estado, com uma área de
quase 2.300 quilômetros quadrados de desmatamento
– entre 2003 e 2004, a área teve aumento
de 18,6% (355 quilômetros quadrados).
O prefeito de Lábrea,
Gean Campos Barros (PSL), declarou não saber
da existência da construção
da hidrelétrica. A mesma afirmação
foi feita pelo diretor de comunicação
da Agência de Comunicação (Agecom)
do governo do Amazonas, Warnoldo Freitas. "Na
segunda-feira [18]uma equipe do Instituto de Proteção
Ambiental do Amazonas (Ipaam) irá até
o local verificar a denúncia", garantiu.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi