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MINISTRA, GOVERNADOR E
PRESIDENTE DO IBAMA SE REÚNEM PARA
DISCUTIR DESMATAMENTO EM MT
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005
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12/07/2005
– O desmatamento em Mato Grosso deverá ser
um dos principais debates do encontro previsto para
as 10 horas de amanhã, em Brasília,
entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
o governador do estado de MT, Blairo Maggi (PPS),
e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Marcus Barros.
Segundo a assessoria
de imprensa do ministério, a audiência
foi solicitada pelo governador matogrossense, com
tema em aberto. Mas o desmatamento deverá
estar no centro das discussões. Mato Grosso
se tornou um dos principais fornecedores de madeira
do país e foi alvo de denúncias de
irregularidades na extração e na venda
de madeira. Em 2 de junho, a Polícia Federal
e o Ministério Público realizaram
a Operação Curupira, que desfez uma
quadrilha que há 14 anos atuava na região
e fraudava autorizações para a exploração
de madeira.
Foram presos 47 servidores
do Ibama e também empresários e despachantes
suspeitos de participarem do esquema. Ao todo, 124
mandados de prisão foram expedidos e cerca
de 80 prisões foram efetuadas mês passado.
Nas comemorações do Dia Mundial do
Meio Ambiente, em 5 de junho, Marina Silva disse
que as investigações foram solicitadas
pelo seu ministério, e que o acompanhamento
e controle do desmatamento "são a prioridade
número um do Ibama".
De acordo com os
dados do sistema de monitoramento por imagens de
satélite do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), o desmatamento nesse estado correspondeu
a 48% dos 26.130 quilômetros de floresta devastada
na Amazônia, no período de um ano (2003-2004).
Em 27 de junho, a
ministra se reuniu no Inpe, em São José
dos Campos (SP), com representantes da organização
não-governamental Instituto Socioambiental
(ISA). Na reunião, o ISA apresentou uma análise
sobre o desmatamento feita com base em fotos de
satélite registradas pelo Inpe. O estudo
indica que o desmatamento em áreas licenciadas
pela extinta Fundação Estadual do
Meio Ambiente (Fema) do Mato Grosso foi 50% maior
do que o constatado em propriedades não-licenciadas
e com ações dentro e fora das reservas
legais.
Na avaliação
de André Lima, coordenador de biodiversidade
do ISA, "isso demonstra que o licenciamento
em âmbito estadual tem funcionado bem, entretanto,
o controle do desmatamento ilegal não tem
funcionado".
Segundo Lima, o desmatamento
verificado entre 2003 e 2004 em áreas de
reservas legais, protegidas por lei, foi cinco vezes
maior em termos percentuais do que o desmatamento
ocorrido em unidades de conservação
(terras indígenas, parques nacionais e estaduais).
Houve ainda uma perda de 272 mil hectares em propriedades
licenciadas dos quais 186 mil hectares ocorreram
fora da reserva legal e 85 mil dentro da reserva
legal, ou seja, 31% dos casos foram de origem criminosa.
O sistema de licenciamento
ambiental (SLAPR), implantado em Mato Grosso, em
2000, deveria ser aprimorado, aponta André
Lima. Para ele, o crescimento da perda de floresta
está associado "ao clima generalizado
de impunidade que estimula os desmatamentos ilegais
e anula o sistema e a sua eficácia".
O ambientalista observa
que a fiscalização compete ao órgão
estadual, ex-Fema, hoje transformada em Secretaria
Estadual do Meio Ambiente. Mas "o que estamos
detectando reforça a necessidade de que seja
desenvolvida uma estratégia mais eficiente
de fiscalização, que resulte na efetiva
responsabilização dos infratores,
o que não tem acontecido".
Segundo Lima, na
última sexta-feira (08) foi entregue um estudo
detalhado sobre as causas da "baixa eficácia"
ao Ministério do Meio Ambiente. Para o ISA,
o documento contém recomendações
sobre o que poderia ser feito para frear as ações
ilegais.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Marli Moreira e Paulo Montoia