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“MEGADIVERSIDADE” TRAZ
BALANÇO DA CONSERVAÇÃO
NO BRASIL
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005
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A proeminência
da biodiversidade no Brasil e a situação
de sua conservação, sob o ponto de
vista de 55 especialistas brasileiros e estrangeiros,
são o tema central de duas publicações
científicas, lançadas durante o XIX
Congresso Internacional da Sociedade para a Biologia
da Conservação. O evento acontece
em Brasília, de 15 a 19 de julho.
Em 26 artigos, inicialmente
publicados como seção especial da
revista Conservation Biology, editada para o Congresso,
cientistas analisam os dados existentes para os
vários grupos de fauna e flora, refletem
sobre a história brasileira do ambientalismo,
indicam o estado de conservação dos
principais biomas do país e ainda debatem
temas críticos como reforma agrária,
mecanismos financeiros para a conservação,
desenvolvimento de infra-estrutura e questões
indígenas.
Numa iniciativa inédita,
a Conservation Biology fez um acordo com a Conservação
Internacional (CI), permitindo que os artigos fossem
traduzidos para o português e compusessem
a primeira edição da revista "Megadiversidade".
A base científica
no Brasil - Vários artigos destacam a força
dos estudos brasileiros sobre conservação.
"Hoje existe uma base científica competente
e crescente no Brasil, bem mais sólida que
a de outros países tropicais. A capacidade
de pesquisar uma grande variedade de disciplinas
que tratam da conservação é
substancial e os brasileiros são atores importantes
na ciência da conservação em
nível internacional", avalia Gustavo
Fonseca, vice-presidente executivo da CI. Os especialistas
também concluem que o tipo e a profundidade
dos estudos necessários variam substancialmente
dependendo da área. A Amazônia, a Mata
Atlântica e o Cerrado, por exemplo, precisam
de mais pesquisas orientadas para a biodiversidade
e a biogeografia. Enquanto que, no Pantanal e na
Caatinga, a necessidade é de uma melhor compreensão
da dinâmica do ecossistema para instruir o
manejo do local.
Desafios e oportunidades
- Apesar dos avanços, Gustavo alerta para
um grande desafio que se impõe nessa arena,
que é o de transferir os resultados científicos
para a esfera das políticas públicas.
Aliado a isso, os artigos também chamam a
atenção para a necessidade de atingir
a antiga busca brasileira pela integração
nacional, crescimento econômico e redução
da pobreza.
Em meio às
dificuldades, lacunas de conhecimento e alto grau
de ameaças presentes em todos os biomas do
país, um senso de oportunidade surge da maioria
dos artigos. Os autores apontam para soluções
criativas de conservação e exploração
sustentável de áreas biológicas.
Dessa forma, deixam lugar para um otimismo cauteloso
desde que as autoridades de poder decisório
façam escolhas que favoreçam a sustentabilidade
ambiental e econômica, em vez de ganhos no
curto prazo.
Megadiversidade -
O termo 'megadiversidade', hoje amplamente utilizado,
foi criado em 1988 por Russell Mittermeier, presidente
da CI, para indicar os países mais ricos
em biodiversidade do planeta. José Maria
Cardoso da Silva, vice-presidente de ciência
da CI-Brasil, explica que sua utilização
na revista tem o objetivo de destacar a magnitude
do problema de conservação da biodiversidade
no país, que ocupa o primeiro lugar entre
os países de Megadiversidade do planeta.
"Tornou-se necessária
a criação de uma revista científica
que agilizasse a publicação de trabalhos
feitos não só pelos pesquisadores
da Conservação Internacional e instituições
parceiras, mas também pela comunidade científica
em geral. Nesse sentido, Megadiversidade surge como
parte das comemorações dos 15 anos
da organização, com o objetivo de
publicar artigos científicos que contribuam
significativamente para a conservação
da biodiversidade no Brasil", explica José
Maria. A revista será uma publicação
trimestral. A seção "Publicações"
do website da Conservação Internacional
(www.conservacao.org) informa as regras para submissão
de artigos e traz uma versão eletrônica
da revista.
Corredores Ecológicos
- Durante o Congresso, a Conservação
Internacional também lança o livro
"Os Corredores Ecológicos das Florestas
Tropicais do Brasil", em parceria com o Instituto
Mamirauá. A publicação traz
a versão original do projeto para a conservação
da biodiversidade das florestas amazônicas
e da Mata Atlântica, como solicitado pelo
Ministério do Meio Ambiente e o PPG-7. É
o resultado de oito meses de trabalho de um grupo
de consultores e colaboradores de várias
instituições do Brasil e exterior.
Além de uma estratégia para a conservação
da biodiversidade, os autores discutem a necessidade
de grandes espaços de conservação
no âmbito das políticas públicas
em meio ambiente e inovaram ao propor a manutenção
ou formação de conectividade entre
áreas protegidas.
Fonte: Conservação
Internacional (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa