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MOÇÃO PELO
CERRADO PEDE MANUTENÇÃO DE
ÁREAS PROTEGIDAS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005
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17/07/2005 - Pesquisadores
e ambientalistas lançaram ontem uma moção
pedindo ao governo federal medidas de manutenção
e expansão das áreas protegidas do
Cerrado. O documento tomou forma e foi assinado
pelos organizadores e participantes do XIX Encontro
Internacional da Sociedade da Biologia da Conservação
(SCB), que acontece até a próxima
terça-feira, na Universidade de Brasília.
Para conhecer o teor da moção.
Nos últimos
40 anos, 60% dos dois milhões de km2 de Cerrado
foram tomados pelas culturas de soja, algodão,
milho e café e por pastagens plantadas com
espécies africanas de gramíneas. Ao
contrário do que acontece em muitas outras
regiões do Brasil, a agropecuária
no Cerrado é de capital intensivo, mecanizada
e dotada de forte aplicação de ciência.
Por outro lado, as taxas de desmatamento têm
sido historicamente superiores às da floresta
Amazônica - são 2,6 campos de futebol
por minuto - mas os esforços de conservação
são muito inferiores.
"A expansão
e a modernização da agropecuária
no Cerrado gerou impactos econômicos positivos,
com o posicionamento do Brasil como um dos maiores
produtores internacionais de grãos e a conseqüente
geração de divisas", reconhece
Roberto Cavalcanti, vice-presidente da Conservação
Internacional (CI). Mas, essa ocupação
do Cerrado também aumentou as diferenças
sociais e vêm provocando custos ambientais
bastante elevados. Cavalcanti ressalta a visível
fragmentação do ambiente natural,
a perda da biodiversidade, a invasão de espécies
exóticas - que destroem as nativas -, a erosão
do solo, a poluição da água,
a degradação da terra, o uso pesado
de agroquímicos, o desequilíbrio no
ciclo de carbono e as mudanças climáticas.
Apenas 4,1% do Cerrado
se encontram legalmente protegidos. E as pressões
sobre as unidades de conservação existentes
são contínuas e advêm de vários
setores da sociedade: grandes fazendeiros, empresas
e até governos estaduais. Três parques
estaduais - Ricardo Franco (MT), Serra de Santa
Bárbara (MT), e Corumbiara (RO) - além
da Área de Proteção Ambiental
Ilha do Bananal/Cantão (TO) estão
sendo mutilados para dar lugar ao plantio de mais
soja.
O Parque Estadual
Ricardo Franco, por exemplo, pode ter 100 mil dos
seus 158 mil hectares excluídos da unidade
para dar lugar às atividades econômicas
de 50 produtores. O governo alega não ter
recursos para as indenizações. "Não
se trata de rever os limites da unidade de conservação
em razão de um grupo indígena ou comunidades
tradicionais", explica Ricardo Machado, diretor
do Programa Cerrado da CI, que um ano atrás
previu que o Cerrado poderia desaparecer em 2030.
"Quando eu fiz essas estimativas assumi que
pelo menos as áreas protegidas já
criadas seriam mantidas ao longo do tempo, mas se
nem isso acontecer, podemos estar prestes a liquidar
muito em breve com as riquezas naturais desse bioma".
Para o ambientalista,
as parcerias público-privado precisam ser
articuladas com urgência no Cerrado, garantindo
que o setor produtivo e o governo tenham mecanismos
para compatibilizar desenvolvimento e conservação
ambiental. A moção, que será
entregue em breve à Ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, contém uma síntese das
apresentações e propostas feitas pelos
pesquisadores durante o Simpósio "Uso
e Conservação do Cerrado", que
teve lugar no sábado à tarde no Encontro
da SCB.
Fonte: Conservação
Internacional (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa (Isabela Santos)