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QUEDA DO DESMATAMENTO SE
DEVE A FATORES ECONÔMICOS, ANALISA
ADVOGADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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21/07/2005 – Apesar
dos dados surpreendentes da redução
do desmatamento da Amazônia, o advogado e
coordenador de biodiversidade e florestas do Instituto
Socioambiental (ISA), André Lima, diz que
a queda é determinada mais por fatores de
retração econômica do que propriamente
pelas ações do governo.
"Nós
estamos avaliando, ainda preliminarmente, que essa
é uma queda circunstancial. Tem também
por trás outros fatores de ordem econômica
que são bastante determinantes. Algumas ações
têm ocorrido, principalmente, através
do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama
e da Polícia Federal, mas elas, isoladamente
e em uma situação mais vantajosa economicamente
para a agricultura, não serão suficientes
para manter esse patamar de redução",
afirmou.
André Lima
explica que em momentos econômicos adversos
as atividades ilegais tendem a se reduzir expressivamente.
"Boa parte dos agricultores estão endividados,
o câmbio do dólar não está
favorável à exportação,
o preço de commodities no mercado internacional
está muito baixo. Ou seja, tudo isso também
determina principalmente neste ano uma baixa de
abertura de novas áreas e riscos. O desmatamento
é caro, tem que alugar ou comprar máquina,
tem que se investir, e é um investimento
de risco principalmente quando a atividade é
ilegal", avaliou.
O coordenador, contudo,
considera importante as ações de proteção
coordenadas pelo ministério. Elas, segundo
Lima, aumentaram o cerco da fiscalização
na região, principalmente em Mato Grosso,
onde aconteceu 70% do desmatamento na Amazônia.
Mas ele enfatiza que outras medidas precisam ser
tomadas para a redução da taxa do
desmatamento.
"Nós
destacamos medidas que diferenciem, fomentem e apóiem
agricultores que estão atuando legalmente.
Existe hoje uma concorrência desleal. Agricultores
que atuam legalmente dentro dos parâmetros
da legislação ambiental, mantendo
as suas reservas e áreas de preservação
permanente, saem em desvantagem em comparação
com quem está desmatando tudo, usando todas
as áreas", indicou. Ele diz ainda que
não há "tratamento diferenciado
do ponto de vista de política de crédito,
de fomento, que dê esse apoio e incentive
a atividade legal".
André Lima
adverte que o funcionamento da fiscalização
não garante a punição aos infratores.
"As ações de fiscalização
são muito esporádicas e não
resultam na efetiva responsabilização
do infrator. Ele é multado, mas as multas
são anuladas, tramitam e quase nunca são
julgadas", afirmou.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Bianca Paiva