MS TEM O MELHOR PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ÁGUA DO PAÍS Panorama Ambiental Campo Grande (MS) – Brasil Agosto de 2005

05/08/2005 – O Programa de Monitoramento da Qualidade da Água executado pelo Instituto do Meio Ambiente Pantanal (Imap) está entre os melhores do país, conforme avaliação do Ministério do Meio Ambiente, que comparou e classificou os programas estaduais considerando critérios como extensão da rede, parâmetros e freqüência de análise, forma de tratamento e divulgação dos dados. A rede de pontos de coleta já cobre 70% do território sul-mato-grossense: na Bacia do Alto Paraguai existem 74 pontos, abrangendo todas as seis sub-bacias, e na Bacia do Rio Paraná estão outros 34 pontos, instalados em duas sub-bacias (Ivinhema e Aporé), restando ainda sete para completar a cobertura.

O programa começou a ser implantado em 1992, com a entrada em vigor da Lei Nacional de Recursos Hídricos. O químico Luiz Mário Ferreira, que na época era técnico de coleta e hoje coordena o Laboratório de Controle Ambiental do Imap, explica que para determinar em quais locais serão os pontos de coleta é preciso primeiro ser feito um minucioso levantamento do uso e ocupação da região. “Os pontos de coleta são distribuídos antes e após fontes de impacto, como núcleos urbanos, indústrias, criatório de animais.”

Sendo detectada qualquer anormalidade durante a análise, os técnicos vão ao local, determinam a fonte de contaminação, comunicam as autoridades estaduais e municipais e reúnem-se com os proprietários dos empreendimentos ou moradores das proximidades do rio contaminado para explicar como o problema pode ser sanado. Essas providências são freqüentes, assegurou Luiz Mário, citando como exemplo o caso do rio Coxim, que nasce em São Gabriel do Oeste e corria o risco de ser poluído pelos dejetos de suínos criados nas proximidades.

Informado do caso, o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Elias Moreira, reuniu-se com os suinocultores e estabeleceu o prazo de um ano para que encontrassem uma solução. Na semana passada – quatro meses depois da reunião – José Elias retornou a São Gabriel, acompanhando o governador Zeca do PT, para inaugurar os biodigestores da Granja Pinesso (localizada a centenas de metros das nascentes do rio Coxim) que representam a destinação correta, definitiva e inteligente dos dejetos suínos. “Sem o programa de monitoramento a contaminação só seria percebida, possivelmente, com a morte dos peixes.”

Metodologia – A freqüência da coleta das amostras e complexidade da análise depende da localização do ponto de coleta, detalhou Luiz Mário. “Se a água for coletada de um córrego próximo a um curtume vamos averiguar a presença de metais pesados na análise. Isso não é necessário com a amostra vinda de um rio do interior do Pantanal.” A freqüência da coleta varia de mensal a trimestral.

Em média são feitos 20 parâmetros de análises na amostra de cada ponto, mas pode chegar a 32, dependendo da necessidade. O laboratório segue as normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e do Standard Métodos, organismo do Fundo
Mundial de Meio Ambiente.

Os tipos de análises dividem-se entre físico-químicos e biológicos. Na análise físico-química determina-se a carga de nutrientes presentes na amostra, de materiais orgânicos e metais. Já a análise biológica procura bactérias, microorganismos que vivem no fundo dos rios, fitoplanctos (algas) e clorofila. “Com esses parâmetros dá para assegurar o grau de qualidade ambiental do rio”, resume Luiz Mário.

Laboratório – O sucesso do programa se deve não apenas à abrangência da rede de cobertura, mas ao aparelhamento do laboratório e qualificação dos técnicos que fazem as análises. O laboratório do Imap está instalado em dois prédios com 480 metros quadrados cada e possui equipamentos de última geração, avaliados pelo coordenador em aproximadamente R$ 4,5 milhões.

Os principais equipamentos são o Expectro Fotômetro de Absorção Atômica (analisa a presença de metais pesados na amostra), Gerador de Vapor a Frio (detecta a existência de mercúrio), Expectro Fotômetro por Raio Ultravioleta Visível (analisa fósforo, nitrito e nitrato, entre outros elementos).

O nitrato é uma substância tóxica presente, inclusive, nos dejetos suínos, causador da doença conhecida como Blue Baby, que contamina a criança ainda em gestação e provoca sua morte por asfixia após o nascimento. O nome se deve à pele da vítima adquirir coloração azulada após o óbito.

Outros equipamentos portáteis usados em trabalhos a campo completam o aparelhamento do laboratório, como oxímetros, peagâmetros, condutímetros, turbidímetros, microscópios e lupas. Ao todo 17 profissionais cuidam exclusivamente do Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas no Estado: cinco biólogos, quatro químicos, um engenheiro agrônomo, um bioquímico, dois técnicos em laboratório, dois técnicos em amostragem e dois auxiliares de laboratório.

Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (www.sema.ms.gov.br)
Assessoria de imprensa (João Prestes)