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DEPOIS DE DOIS ANOS, ÍNDIOS
JAVAÉS SÃO AVISADOS DE QUE
PEDIDO DE DEMARCAÇÃO HAVIA
SIDO REJEITADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2005
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Vinte lideranças
do povo Javaé estiveram hoje (9) em Brasília
pra reunir-se com o presidente da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Mércio
Pereira Gomes. Em pauta, a homologação
das terras em que vivem, na Ilha do Bananal, em
Tocantins.
Após duas
horas de reunião, a Funai descobriu que o
pedido de demarcação da área,
que já havia sido feito há dois anos,
chegou a ir ao Ministério da Justiça,
onde foi rejeitado. O pedido estava novamente na
Funai.
Segundo Saulo Feitosa,
vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), o processo está parado desde 2003
porque a Unidade de Conservação do
Parque Nacional Araguaia foi criada em sobreposição
à terra indígena Iñawébohona,
onde os Javaés residem. A área de
conservação foi criada durante o governo
do presidente Juscelino Kubitschek.
O Cimi afirmou que
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) está colocando
em risco a sobrevivência física e cultural
do povo indígena, uma vez que eles foram
proibidos de caçar, pescar e colher palha
para construção de casas. "Com
a construção da área de preservação
ambiental, a terra também não pôde
fazer parte do programa Luz para Todos e conseqüentemente
o poço artesiano que havia sido construído
para facilitar o acesso à água potável
não tem como ser utilizado", afirmou
Saulo.
O líder da
tribo Javaé, Paulo Huruka, disse não
entender o motivo pelo qual suas terras não
são reconhecidas. "Sempre moramos aqui,
essa reserva foi criada depois da nossa chegada.
Estamos perdendo nossa cultura porque nessa época
realizamos a brincadeira de Aruanã, que é
uma tradição da tribo, e ao invés
de estarmos lá estamos em Brasília
brigando por um direito que é nosso".
O diretor de Ecossistemas
do Ibama, Valmir Ortega, informou que a obrigação
do Instituto é seguir a legislação
no que diz respeito à extração
de recursos naturais das reservas ambientais. "Onde
existem os parques nacionais pressupomos que não
há ocupação humana, mas se
essa reivindicação tem uma base material
que justifique o direito aos indígenas, cabe
a Funai reconhecer".
De acordo com Valmir,
esse processo de regularização das
terras já está em andamento. "Hoje
existem alguns indígenas ocupando uma área
do parque ilegalmente, mas já estamos em
negociação com a Funai para regularizar
as terras de forma a conservar o meio ambiente e
o direito dos índios de terem seu memorial",
afirmou.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Danielle Coimbra