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LIVRO DISCUTE VIABILIDADE
DAS HIDRELÉTRICAS NO RIO XINGU
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2005
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Tenotã-Mo:
Alertas sobre as consequências dos projetos
hidrelétricos no rio Xingu, coletânea
de artigos de especialistas de diversas áreas
sobre o tema, que será lançado nesta
quinta-feira, 11 de agosto, em São Paulo,
pretende ampliar os debates públicos sobre
as hidrelétricas em geral e na Amazônia.
A coletânea
de estudos inéditos reunidos no livro Tenotã-Mõ:
Alertas sobre as conseqüências dos projetos
hidrelétricos no rio Xingu, que será
lançado em 11 de agosto, em São Paulo
(veja abaixo), analisa os projetos de hidrelétricas
anunciadas pelo governo brasileiro para o rio Xingu
na Amazônia paraense. Uma das conclusões:
Kararaô, rebatizada Belo Monte, não
teria viabilidade energética e provocaria
impactos ambientais catastróficos, afetando
comunidades indígenas e ribeirinhas, bairros
da cidade de Altamira, e áreas rurais ao
longo da rodovia transamazônica. A discussão
não poderia ser mais atual, já que
o Congresso Nacional aprovou em julho, projeto de
decreto permitindo a implantação da
usina de Belo Monte, uma das obras mais polêmicas
já projetadas no País e que tem suscitado
mobilizações e intensos protestos
do movimento social da Amazônia nos últimos
dezessete anos
Outra das conclusões
da publicação é que as represas
dos outros cinco projetos previstos para o Xingu
poderiam alagar cerca de 20.000 km2, quase totalmente
florestados, incluindo trechos de 10 terras indígenas
homologadas e algumas demarcadas.
Organizada pelo professor
Oswaldo Sevá Filho, da Faculdade de Engenharia
Mecânica da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), a coletânea foi elaborada por iniciativa
de um grupo de organizações ambientalistas
e movimentos sociais: a International Rivers Network,
o Movimento para o Desenvolvimento da Transamazônica
e Xingu (MDTX), o Instituto Socioambiental (ISA),
a Federação dos Órgãos
Assistenciais e Educacionais (FASE), o Projeto Brasil
Sustentável e Democrático e a Comissão
Pró-Índio de São Paulo.
Os capítulos
foram escritos por pesquisadores brasileiros e estrangeiros,
nas áreas de energia e engenharia elétrica,
de ciências sociais e estudos indígenas,
de geografia, de avaliação ambiental,
ecologia de represas e mudança climática,
além de dois jornalistas, um advogado, um
procurador federal, o bispo da Prelazia do Xingu,
e dirigentes de entidades locais e internacionais.
História
O setor elétrico
brasileiro projetou a construção de
grandes hidrelétricas durante os anos 1980,
mas os protestos dos povos indígenas – que
não haviam sido consultados - e de outros
setores da sociedade civil em fevereiro de 1989,
culminaram com a suspensão do projeto. Reapresentado
pela Eletronorte em 1998, o projeto Belo Monte teve
o seu licenciamento ambiental embargado por decisão
judicial em 2001. Em 12 de julho de 2005, exatamente
uma semana depois que a Câmara aprovou o Projeto
de Decreto Legislativo (PDC) nº 1.785, autorizando
a implantação da usina hidrelétrica
de Belo Monte, o Senado referendou a proposta (agora
denominada PDS 343/05), praticamente sem alterações.
Os povos indígenas não foram ouvidos.
Para Oswaldo Sevá,
organizador do livro, a construção
da hidrelétrica é um equívoco.
“As simulações feitas com base nos
registros históricos de vazão, apontam
que a potência assegurada pela usina de Belo
Monte, se estiver funcionando sozinha no rio Xingu,
seria no máximo de 1.356 MW, por causa das
baixas vazões do rio nos meses do verão
amazônico (julho a novembro)”. O projeto da
Eletronorte previa instalar 11.000 Megawatts (MW),
em Belo Monte, e o inventário feito pela
Cnec Engenharia em 1980 previa mais 11.370 MW em
outras cinco usinas. De acordo com Sevá,
o plano governamental sempre foi o aproveitamento
integral do rio Xingu. “Porém, os impactos
gerais e os custos são altíssimos,
por isso falam apenas na primeira obra”. Especialistas
em energia elétrica e na economia paraense
argumentam em seus artigos, que a energia a ser
gerada por estas usinas atenderia, com prioridade,
a expansão de atividades eletro-intensivas
na região, principalmente a obtenção
e exportação de alumínio, cobre,
e níquel.
Diferentemente dos
que consideram as hidrelétricas como uma
forma limpa de energia, outro pesquisador que colaborou
com a publicação calculou as emissões
de gases que agravam o efeito estufa, provenientes
do apodrecimento do material orgânico inundado
pelos 6.600 km2 dos reservatórios de Belo
Monte e de Babaquara, a segunda usina planejada
rio acima de Altamira.
O editor do livro
Glenn Switkes, da organização não-governamental
International Rivers Network explica que a palavra
Tenotã-Mõ, que dá título
ao livro, significa na língua indígena
Araweté ´o que segue à frente,
o que começa´. "Para nós,
é uma homenagem ao primeiro livro escrito
sobre o assunto, ao I Encontro dos Povos Indígenas
do Xingu, em Altamira, em 1989 e à índia
kaiapó Tuíra, cujo gesto de advertência
- quando tocou com a lâmina de seu facão
o rosto do então diretor da Eletronorte,
José Antônio Muniz Lopes, durante o
encontro – ficou para sempre marcado na memória
de todos. Esperamos incentivar com este livro o
debate público amplo e profundo sobre a proposta
da construção das obras no rio Xingu”.
Serviço
Lançamento
em São Paulo
Quando: 11 de agosto
de 2005, quinta-feira
Onde: Fnac-Pinheiros
Endereço:
Av. Pedroso de Moraes, 858, 3º andar
Horário: 19h
O debate que precederá
o lançamento do livro Tenotã Mo contará
com a participação dos organizadores
do livro e do secretário estadual de Meio
Ambiente de São Paulo, José Goldemberg.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa