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RESERVA BIOLÓGICA
PREJUDICA VIDA DE DOIS MIL RIBEIRINHOS EM
TAPUÁ NO AMAZONAS, INFORMA CPT
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Agosto de 2005
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O agente da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) em Tapuá, no Amazonas,
Welton Nascimento, aponta que as dificuldades de
sobrevivência dos cerca de dois mil moradores
da Reserva Biológica (Rebio) do Abufari ocorrem
em virtude das restrições impostas
pela legislação ambiental. "Depois
que a reserva biológica foi criada, a gente
perdeu o direito de reformar nossas casas, porque
é proibido tirar madeira. Também não
podemos pescar, nem derrubar mata para fazer o roçado.
Quem pôde, já saiu de lá. Quem
não tinha para onde ir, está sofrendo",
contou ele.
"Pela lei, os
moradores teriam de abandonar a área. Mas
o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) não
providenciou outra terra para eles. Por que então
não diminuem a Rebio e transformam parte
dela em uma reserva extrativista?", questionou
Marta Valéria Cunha, agente da CPT em Manaus.
A Rebio do Abufari
é uma unidade de proteção integral
criada em 1982, em Tapuá (a 450 quilômetros,
em linha reta, de Manaus), com o objetivo principal
de proteger e estudar os quelônios – grupo
de animais de casco, como as tartarugas e os tracajás.
Isso significa que, a rigor, nos seus 288 mil hectares
é proibida a presença de moradores.
"Não
vamos expulsar ninguém da área. Nós
celebramos um termo de compromisso com essas populações,
para garantir a transição delas até
a migração espontânea ou que
se encontre outra solução. As regras
de uso dos recursos naturais limitam-se ao atendimento
das necessidades de subsistência desses residentes.
Eles não podem praticar a pesca comercial,
por exemplo. De fato, é uma situação
complicada", justificou Henrique Pereira dos
Santos, gerente-executivo do Ibama no Amazonas.
Segundo ele, quando
a Rebio do Ubafari foi criada, a população
morava em casas flutuantes, ao longo do rio Purus.
"Na época, o acordo entre os ribeirinhos
e os técnicos do Ibama foi deslocar essas
casas para fora da área da unidade. Depois
da criação da Rebio é que surgiram
moradores de terra firme dentro da reserva. Além
disso, é preciso contextualizar essa situação
dentro da realidade fundiária do município,
que já possui duas terras indígenas.
E há outra em processo de demarcação,
que pegará parte da sede de Tapuá
e de sua área de expansão", ressaltou
o gerente do Ibama.
Ele informou ainda
que o Ibama participará de uma audiência
pública convocada pela Câmara Municipal
de Tapauá, na qual será discutido
o reassentamento não só dos moradores
da Rebio do Abufari como também dos habitantes
não-indígenas, que hoje vivem dentro
da terra em processo de demarcação.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi