|
DEMISSÕES NA CETESB
PODEM PREJUDICAR FISCALIZAÇÃO
E LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM SÃO
PAULO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2005
|
 |
15/08/2005 - Acordo
entre a Cetesb e o Ministério Público
Estadual determina a substituição
de mais de 400 funcionários contratados sem
a realização de concurso público
ou após terem se aposentado. Secretário
do Meio Ambiente teme pela perda de profissionais
especializados.
A Secretaria Estadual
de Meio Ambiente de São Paulo (SMA) será
obrigada a demitir mais de 400 funcionários
nos próximos meses. As demissões foram
determinadas por um Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) firmado em 25 de julho entre o Ministério
Público do Trabalho, Ministério Público
Estadual e a Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb), órgão ligado à
SMA.
Alguns dos funcionários
atingidos pela medida foram contratados sem a realização
de concurso público, o que contraria a Constituição
Federal de 1988. A grande maioria (quase 300) dos
demitidos, porém, são de funcionários
aposentados re-contratados. Os profissionais desligados
trabalhariam com a emissão de licenças
ambientais, aplicação de multas, análise
de relatórios de impacto ambiental, aprovação
de projetos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos
(Fehidro) e controle da poluição.
Os setores mais afetados pelas demissões
devem ser o Departamento Estadual de Proteção
dos Recursos Naturais (DEPRN), o Departamento de
Avaliação de Impacto Ambiental (Daia),
o Departamento de Uso e Ocupação do
Solo (Dusm) e a Administração de Unidades
de Conservação do estado, além
da própria Cetesb.
O secretário
estadual de Meio Ambiente, José Goldemberg,
garante que não haverá o enxugamento
do quadro de funcionários da SMA e afirma
que o TAC prevê um prazo de oito meses para
a completa substituição de todos aqueles
que forem desligados. As vagas deixadas em aberto
serão preenchidas por novos funcionários
aprovados em concurso público. “Aqueles que
foram desligados também poderão concorrer”,
afirma o secretário.
O titular da pasta,
entretanto, não descarta que problemas na
transição entre novos e antigos servidores
possam comprometer as atividades do setor ambiental.
“Vamos evitar que ocorra uma paralisação,
mas me preocupo com o perigo da descontinuidade.
Temo sobretudo perder qualidade com a saída
de funcionários altamente especializados”,
diz Goldemberg, que promete fazer todos os esforços
para uma transição sem traumas.
O termo firmado no
final do mês passado estabelece multa de R$
1 mil para cada funcionário da SMA encontrado
em situação irregular a partir de
março de 2006. O TAC suscitou uma carta de
protesto por parte dos funcionários da Cetesb,
na qual afirmam que 25% do corpo funcional do Sistema
Estadual do Meio Ambiente será demitido e
que o sistema não teria substitutos, pois
os aprovados no último concurso público
não teriam sido treinados para as funções
específicas.
Os funcionários
dizem ainda que as contratações sem
concurso foram realizadas em função
da criação de novos departamentos
do Sistema Estadual do Meio Ambiente, “e com os
novos compromissos ambientais criados pela própria
Constituição”, o que justificaria
as formas de admissão e a manutenção
dos quadros ao longo de 17 anos.
O Instituto Socioambiental
e várias entidades ambientalistas paulistas
estão preocupados com este desfecho, principalmente
por dois motivos: o primeiro é a possibilidade
de haver descontinuidade das ações
do Sistema Estadual do Meio Ambiente caso a transição
não seja bem planejada e bem-sucedida, com
a geração de impactos e danos ambientais
irremediáveis. Em segundo lugar, pelo fato
de que técnicos com experiência de
vários anos, com cursos, palestras e seminários
realizados no Brasil e no exterior, estejam sendo
demitidos por problemas alheios a seus desempenhos
e capacidades profissionais.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa