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GOVERNO BUSCA SOLUCIONAR
IMPASSE AMBIENTAL EM ÁREAS DE VÁRZEA
Panorama
Ambiental
Curitiba (PR) – Brasil
Agosto de 2005
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17/08/2005 - O vice-governador
e secretário da Agricultura Orlando Pessuti
participou nesta terça-feira (16) de reunião
para discutir a produção agrícola
em áreas de várzea, principalmente
a do arroz. De acordo com a legislação
ambiental, não é permitida a prática
de atividades econômicas em Área de
Preservação Permanente (APP). O encontro,
realizado na Secretaria da Agricultura em Curitiba,
reuniu cerca de 50 pessoas interessadas em buscar
soluções para o problema.
Pessuti destacou
a preocupação do Governo do Estado
em discutir e resolver a situação
de forma a garantir justiça social. Ele lembrou
a importância da lei ser cumprida, mas sem
prejuízo aos agricultores. “Temos compromisso
com o ecológico, o econômico e o social”,
disse.
O promotor de Justiça,
Sérgio Luiz Cordoni, lembrou que são
proibidos o plantio e o cultivo em várzea,
considerada uma Área de Preservação
Permanente. “O Supremo Tribunal Federal impede qualquer
intervenção, qualquer que seja a atividade,
em APP. É uma liminar do STF”, afirmou.
O secretário
destacou a ação do Ministério
Público e a Polícia Florestal sobre
a questão. Segundo ele, ambos estão
cumprindo a lei. “O que nos preocupa no dia-a-dia
são certas ações do Ministério
Público e da Polícia Florestal, por
meio da Força Verde. Na minha opinião,
muitas vezes há um certo exagero por parte
deles, do IAP e do Ibama”, disse. Pessuti lembrou
que há agricultores que, sem merecer, acabam
prejudicados. “Entre eles, há pessoas com
60, 80 anos de idade. Toda uma vida dedicada à
agricultura. Alguns agricultores são autuados.
Se reclamam, podem ir presos. Não podemos
tê-los como inimigos. Defendo a proteção
dos rios e dos demais recursos naturais. Não
sou contra a atuação do Ministério
Público. Mas contra a forma com que a ação,
algumas vezes, é praticada”, disse.
O tenente-coronel
da Polícia Florestal, Carlos Alexandre Scheremeda,
disse que a Polícia está aberta à
discussão para solucionar o impasse. “Procuramos
dar tratamento digno, com justiça, aos agricultores.
Somos agentes fiscais da lei, como o Ministério
Público. Podemos cooperar com políticas
em benefício do homem do campo”. Segundo
ele, isso é possível desde que seja
de acordo com a aplicação da lei.
O cultivo de arroz
em várzeas ocorre em vários municípios
da região noroeste do Paraná, como
em Querência do Norte e Floresta. Neste município,
a atividade envolve de 30 a 40% dos produtores rurais.
Em Floresta, os agricultores
estão preocupados com a situação.
Segundo o vice-prefeito, João Marino, os
produtores querem resolver o impasse, já
que o plantio do arroz acontece entre setembro e
outubro. “São 250 hectares de várzea
com arroz. Cerca de 60% dos agricultores envolvidos
na atividade são familiares. A maioria tem
mais de 50 anos de idade e estão acostumados
com a atividade. Se forem impedidos de trabalhar
com a terra, o que vão fazer?”, questionou.
Segundo Marino, os
produtores querem plantar arroz até que seja
concluído um estudo sobre o impacto da cultura
na área de várzea. Em contrapartida,
os agricultores plantariam árvores dentro
da faixa de 30 metros às margens dos rios.
“Eles também se propõem em plantar
arroz orgânico nas várzeas”, disse.
Representantes dos
agricultores da região de Maringá
afirmaram que, se a legislação for
aplicada conforme o exigido, haverá um prejuízo
não só para a economia local mas também
para a política de assentamento praticada
na região. Eles lembraram que o próprio
Governo Federal, através o Incra, fez assentamentos
de famílias em áreas de várzea,
no município de Querência do Norte.
Piscicultura - A
piscicultura enfrenta o mesmo problema. Segundo
os produtores, no passado, a atividade também
foi incentivada em áreas de várzea.
Segundo o engenheiro agrônomo da Secretaria
Especial de Pesca e Aqüicultura, Jackson Luiz
Cruz Pinelli, 98 % das áreas com piscicultura
estão em APP. “São sete mil hectares
de arroz na mesma situação”.
Os participantes
decidiram dar prosseguimento aos debates e ações
que visam solucionar o problema. Eles defendem o
zoneamento das áreas de várzea e de
irrigação. Também querem discutir
questões relacionadas às várzeas
artificiais. Estas são criadas pelos regimes
de cheia, controlada pelas usinas hidrelétricas.
Todos concordam que é preciso definir o que
seja área de várzea, já que
não há uma decisão científica
a respeito.
O secretário
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz
Eduardo Cheida, disse que o impasse preocupa. Segundo
ele, há agricultores que ainda estão
pagando financiamento do Pró-Várzea.
“Estamos meio confusos sobre o que fazer. A lei
tem que ser cumprida, sem dúvida. Este é
o momento para usarmos, ao máximo, a inteligência
que temos. Vamos estudar o que deve ser feito e
vamos fazer”, afirmou.
No final do encontro,
Pessuti afirmou que o Paraná possui a melhor
política ambiental do País. “Desde
o início do nosso governo, avançamos
muito no que diz respeito à reserva legal,
por exemplo. No começo, a reserva ficaria
na propriedade rural. Depois, optamos por situá-la
dentro do município. Em seguida, decidimos
fixá-la na região. Hoje temos a possibilidade
de possuir condomínios de reservas legais”.
Fonte: Secretaria Estadual de
Meio Ambiente do Paraná (www.pr.gov.br/meioambiente)
Assessoria de imprensa