|
QUESTÃO FUNDIÁRIA
CENTRALIZOU DISCUSSÕES NO ENCONTRO
DE COMUNIDADES TRADICIONAIS, DIZ PARTICIPANTE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2005
|
 |
19/08/2005 - O acesso
aos recursos naturais, principalmente à terra,
foi a questão central das discussões
do 1º Encontro Nacional de Comunidades Tradicionais,
segundo informou o diretor do Departamento de Agroextrativismo
de Desenvolvimento Sustentável do Ministério
do Meio Ambiente, Jorg Zimmermann.
"Temos um conflito
instalado em relação à questão
fundiária", afirmou Zimmermann, ao participar
do encontro, que termina hoje em Luziânia
(GO). Ele disse que a questão do acesso à
terra centralizou as discussões.
Durante três
dias, caiçaras, babaçueiros, pescadores
artesanais, extrativistas, ciganos, povos indígenas
e quilombolas debateram políticas públicas
que possam atender a essas comunidades, respeitando
suas diferenças. A regularização
da terra faz parte das necessidades apresentadas
por grupos como, por exemplo, os quilombolas e os
moradores de faxinais, que são áreas
localizadas no Paraná onde as famílias
vivem de atividades como a criação
de pequenos animais e a agricultura familiar.
A representante da
Coordenação Nacional de Quilombos,
Jô Brandão, ressaltou que a posse da
terra é uma revindicação antiga
dos quilombolas e é importante para garantir
a implementação de políticas
públicas nos quilombos. "Os quilombolas
estão na terra, mas elas não são
regularizadas. Muitas outras políticas não
conseguem ser implementadas em função
disso".
No encontro, os remanescentes
de quilombos discutiram também a necessidade
de uma educação diferenciada para
esse tipo de comunidade. "Queremos uma educação
que seja diferenciada, que leve em conta a diversidade
étnica dos quilombolas, a realidade de vida
dessas populações", disse Jô
Brandão.
Segundo a representante
da Coordenação Nacional de Quilombos,
outro ponto é o fortalecimento institucional
das organizações quilombolas para
que tenham capacidade de gerenciar seus projetos.
"Não tem sentido pensar um grupo como
prioridade se esse grupo não consegue acessar
recursos, discutir seus projetos e participar da
elaboração. Ele vai sempre ter intermediários
e isso pode trazer o insucesso da maioria das ações
voltadas para essas populações",
explica.
O 1º Encontro
Nacional de Comunidades Tradicionais pretende também
elaborar as diretrizes para uma proposta de Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável das
Comunidades Tradicionais. O Encontro é realizado
pela Comissão Nacional de Desenvolvimento
Sustentável das Comunidades Tradicionais,
que foi criada em dezembro de 2004 e é presidida
pelo ministro do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, Patrus Ananias. A ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, é a secretária
executiva da comissão, que tem entre seus
membros representantes de diversos ministérios.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Yara Aquino