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AGRICULTURA ORGÂNICA
DEVE SER TEMA DE INTERESSE NA REUNIÃO
DE MINISTROS LATINO-AMERICANOS NO EQUADOR
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2005
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A questão
da agricultura ambientalmente correta, ou orgânica,
deverá ser um tema de interesse de todos
os países envolvidos na reunião de
ministros de agricultura latino-americanos no fórum
"Agricultura e Vida Rural das Américas",
que acontecem em Guaiaquil, no Equador. Essa é
a opinião do professor da Universidade de
Brasília (UnB) e coordenador do Núcleo
de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade
da Agricultura (Nucomp), Antônio Carlos Félix.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Roberto Rodrigues, participa do encontro.
Segundo o professor,
o que se quer com esse tipo de agricultura é
o equilíbrio do meio ambiente. "A agricultura
orgânica que hoje é buscada tem um
nicho de mercado", observa ele, ressaltando
que esse nicho "não seria nem os produtos
orgânicos, mas os produtos ambientalmente
corretos, ou seja, que não degradam o meio
ambiente, que não empregam mão de
obra infantil e que não usam quantidades
de agrotóxicos além daquelas permitidas".
Na visão do
professor Félix, há uma demanda que
o Brasil e seus pequenos agricultores podem explorar,
tendo em vista que "essa situação
hoje favorece muito os nichos menores de mercado,
o que permite que produtores de menor área,
de mais baixa renda, e da agricultura familiar,
possam ocupar esse nicho". No entanto, adverte
o coordenador do Nucomp, essa ocupação
tem que se dar "com o apoio do governo, estruturando
essas pessoas em cooperativas ou em grupos de produtores
que venham a atender e analisando mercados que se
apresentam com potencial".
O encontro que começou
neste domingo (28) envolve 34 ministros e vai até
o dia 2 de setembro. O evento é organizado
pelo governo do Equador e pelo Instituto Interamericano
de Cooperação para a Agricultura (IICA).
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Ministério
da Agricultura, os ministros devem firmar um compromisso
para priorizar políticas regionais de saúde
animal e sanidade vegetal, além de apoiar
programas que incentivem investimentos privados
no meio rural e promovam a agricultura orgânica,
a segurança alimentar e a agricultura sustentável.
Outro tema que, segundo
o professor Félix, deverá permear
o encontro de cooperação entre os
países da América do Sul, é
a fiscalização fitossanitária.
De acordo com ele, a importância desse tema
para o Brasil se dá em dois sentidos.
Um primeiro, explica,
é o cuidado em trazer para o país
vegetais ou animais que tenham possivelmente tido
contato com doenças que são de grande
perigo à atividade agrícola. "A
vigilância fitossanitária se torna
muito importante, porque é uma forma de se
preservar as potencialidades do país em termos
de agricultura, evitando contaminação
de outras áreas". O professor Félix
cita com exemplo desse fenômeno a questão
da gripe do frango que, em função
da queda das barreiras pela globalização,
tem se propagado entre vários países.
O outro aspecto fundamental,
avalia o professor da UnB, é que essas barreiras
fitossanitárias, dentro do agronegócio,
tomam também um sentido comercial. "Há
impedimento, às vezes, de exportação
de um produto, que é feito não em
função de existir efetivamente o problema,
mas de se levantar hipóteses sobre aquilo,
impedindo a entrada". O professor Félix
assinala que esse expediente é muito utilizado
por vários países e é por isso
que o Brasil tem que ter um cuidado muito grande
em acompanhar toda a sua produção,
"evitando que a gente esteja vulnerável
a atitudes protecionistas".
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Benedito Mendonça