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DIRETOR AFIRMA QUE FISCALIZAÇÃO
AO DESMATAMENTO TERÁ APOIO CADA VEZ
MAIS FORTE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2005
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(31/08/05) - O diretor
de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio
Montiel, afirmou, em Cuiabá, que a queda
do desmatamento na Amazônia Legal terá
apoio cada vez mais forte do sistema de monitoramento
e fiscalização por satélite,
que fornece mapas precisos das regiões afetadas
e permitem a intervenção dos fiscais
e da Polícia. Montiel palestrou na manhã
deste primeiro dia da 45ª Reunião Extraordinária
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que
termina amanhã, na capital do Mato Grosso.
O trabalho de monitoramento
e fiscalização faz parte do Plano
de Prevenção e Combate ao Desmatamento
na Amazônia Legal, que prevê também
o ordenamento fundiário e territorial, investimentos
em infra-estrutura e incentivo à conversão
das atividades econômicas na região,
para uso sustentável das florestas. “Com
o acordo de cooperação entre o governo
federal e o governo do Mato Grosso, a exemplo do
que já ocorre em outros três estados,
teremos condições de aprofundar os
objetivos do Plano”, afirmou.
Investimentos
Segundo Montiel,
em 2005 foram investidos em fiscalização
R$ 29,5 milhões, dos R$ 36 milhões
previstos no orçamento, e a parcela final
será liberada ainda neste mês, possibilitando
executar o trabalho em condições satisfatórias.
“A exploração indiscriminada de madeira
e o avanço desordenado das fronteiras agrícolas
dizimou 15,7% da floresta amazônica. Hoje,
porém, o quadro está mudando. A fiscalização
chega a áreas remotas, como na fronteira
com o Peru, onde inibe o tráfico de madeiras
àquele país”, disse Montiel.
Custo-benefício
Nos últimos
11 meses houve uma redução de 50%
no desmatamento na região. Em relação
a igual período anterior, a devastação
caiu de 18.724 km2 para 9.106 km2. O custo-benefício
foi imenso. “Cada um dos quase 10 mil km2 cujo corte
foi evitado custou aos cofres públicos para
preservá-lo R$ 435, quantia insignificante
ante os R$ 500 milhões que os produtos daquela
extensão de floresta em pé podem gerar
para a economia”, explicou.
Operações
Em mais de 35 operações,
Ibama, Polícia Federal, Exército,
Polícia Rodoviária, Polícia
Militar Ambiental dos estados, Incra e Ministério
do Trabalho, entre outros, estancaram a devastação,
apreenderam madeiras, tratores, motosserras, desbaratam
corrupção de fiscais do próprio
Ibama associados a madeireiros e fazendeiros, igualmente
detidos - e multados. Além da derrubada ilegal
de árvores, da corrupção e
da grilagem de terras, ocorrem outros delitos associados,
como porte ilegal de arma, formação
de quadrilha, sonegação e evasão
de impostos, biopirataria, lavagem de dinheiro do
narcotráfico etc.
Conhecido pela maior
voracidade da indústria do corte ilegal,
o Pará apresentou a maior queda do desmatamento,
81%, mesma do Tocantins, onde o problema refreia
antes de ficar sério. “A redução
foi de 38% em Rondônia, de 33% no Mato Grosso,
estados igualmente atingidos pela ferocidade do
homem-cupim, onde fica clara a necessidade da presença
mais forte do Governo Federal em ações
de gestão e parceria executiva com estados,
como, aliás, já vem ocorrendo, de
modo específico, em solo mato-grossense”,
afirmou Montiel. Segundo ele, apesar da queda do
desmatamento no MT, sua participação,
no conjunto dos estados da Amazônia Legal,
subiu de 48.1% para 66,4%. “A situação
exige das autoridades medidas ainda mais efetivas,
principalmente nos municípios críticos,
inclusive a utilização do instrumento
da moratória, proibindo o desmatamento até
que o estado tenha implantado e/ou aperfeiçoado
o Sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedade
Rural”, disse.
Desenvolvimento sustentável
De acordo com Flávio,
o Poder Público não deseja impedir
o desenvolvimento da Amazônia. “Mas não
é mais possível considerar inesgotáveis
os recursos naturais. O Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), da ONU, mostra que nos municípios
afetados pelo desmatamento desordenado ocorreu colapso,
pobreza e aumento da população migratória”,
disse. “Não podemos substituir florestas
por monoculturas, que têm cotação
baixa no mercado internacional, em detrimento do
maior potencial comercial dos produtos que a floresta
em pé pode oferecer”. O Brasil chegou a um
ponto cuja única saída um modelo de
exploração sustentável da região.
“Nesse sentido, é essencial a colaboração
cada vez mais estreita entre os governos federal
e os governos estaduais e municipais”, finalizou
o diretor.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Rubens Amador