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EXPEDIÇÃO
JÁ VISITOU 39 COMUNIDADES PARA INCENTIVAR
PRESERVAÇÃO DO PEIXE-BOI
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Agosto de 2005
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A Expedição
Peixe-Boi Amazônico chegou hoje (30) a Urucurituba
(AM), próximo à fronteira com o Pará,
após 12 horas de viagem desde Manaus. O destino
final é Santarém, no Pará,
de onde a equipe do Centro de Mamíferos Aquáticos
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (CMA/Ibama) e do Conselho
Nacional dos Seringueiros (CNS) saiu no dia 17 de
agosto. "No trecho de ida, Santarém-Manaus,
levamos 12 dias e paramos em 39 comunidades, onde
realizamos 80 entrevistas. No retorno vamos percorrer
a outra margem do rio", explicou Carla Aguilar,
bióloga do CNS, em entrevista por telefone
à Agência Brasil.
No barco Puxirum
viajam oito pessoas – a metade formada de biólogos
e estagiários que compõem a equipe
técnica responsável pela coleta de
dados. "Estamos levantando dados empíricos
dos ribeirinhos sobre os locais de ocorrência
do peixe-boi e sobre o uso que os seres humanos
fazem dele. Em geral, esse conhecimento tradicional
coincide com o saber científico, um complementa
o outro. Realizamos palestras nas escolas, com o
objetivo de conscientizar as populações
locais para que não cacem o mamífero,
que está em risco de extinção",
contou Carla. O peixe-boi amazônico (Trichechus
inungis) é a única espécie
de peixe-boi fluvial do mundo e está presente
em toda a Bacia Amazônica.
Esta é a oitava
viagem realizada pela Expedição Peixe
Boi Amazônico, projeto iniciado em 2000 pelo
CMA/Ibama e apoiado desde 2001 pelo Conselho Nacional
dos Seringueiros. Os pesquisadores já visitaram
cerca de 600 comunidades e realizaram aproximadamente
18 mil entrevistas ao longo dos rios Solimões,
Negro, Purus, Madeira, Tapajós, Arapiuns
e Amazonas, além de lagos e igarapés
tributários. "A presença do Conselho
Nacional dos Seringueiros ajuda a vencer a resistência
que as populações ribeirinhas têm
em relação ao Ibama, geralmente visto
apenas como órgão repressor",
afirmou Carla.
"É difícil
medir os resultados de nossa ação:
a gente conversa com o pescador, mas não
pode afirmar que ele deixará de caçar
o peixe-boi. Por outro lado, desde 2001, oito filhotes
já foram encaminhados ao nosso centro de
reabilitação, em Santarém.
Seis deles serão devolvidos à natureza,
mas dois morreram. Na ida a Manaus, resgatamos um
filhote que estava no cativeiro: ele estava fraco
e não agüentou a viagem", declarou
a bióloga. Ela informou ainda que o único
predador natural do peixe-boi é o homem.
A gestação desse mamífero aquático
demora 13 meses e dá origem a apenas um filhote
por vez. O intervalo entre as gestações
é de três a quatro anos.
A próxima
viagem da Expedição Peixe Boi Amazônico
terá início no final de setembro.
Ela sairá de Santarém e percorrerá
todo o rio Trombetas.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi