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FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL ESTÁ MAIS SÉRIA,
AVALIA PREFEITO DA REGIÃO DO XINGU
Panorama
Ambiental
Alto Xingu (MT) – Brasil
Agosto de 2005
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A fiscalização
ambiental tem se intensificado e está fazendo
agricultores repensarem a decisão de promover
desmatamento ilegal em Mato Grosso, na avaliação
de Edson Harold Wegner, prefeito de Gaúcha
do Norte (MT), município vizinho ao Parque
Indígena do Xingu onde se localizam algumas
das principais nascentes dos rios que cortam a área.
Wegner conta que
os desvios na fiscalização ambiental
em Mato Grosso eram notórios e incomodavam
os agricultores, porque os funcionários corruptos
chegavam às fazendas constatando irregularidades
e não lavravam multas, apenas pediam propina.
"Em 2004, a população da cidade
se revoltou e chegou a cercar o hotel onde os fiscais
estavam hospedados. Acho que isso só não
teve repercussão nacional porque a cidade
é muito pequena, mas nós todos por
aqui já conhecíamos bem esses fatos
que agora estão sendo mostrados", diz
ele, em referência à Operação
Curupira, da Polícia Federal, que, em junho,
prendeu funcionários públicos da área
ambiental em Mato Grosso.
O prefeito diz que
uma operação de fiscalização
que aconteceu no início do ano na cidade
serve como baliza para ele afirmar que a situação
mudou. Segundo ele, chegaram à cidade de
uma vez 12 viaturas oficiais, do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente,
do Exército, da Polícia Militar e
até dos Bombeiros. "Eles chegaram e
desfilaram pela cidade. A população
se assustou, todo mundo se fechou dentro de casa
e pessoas nas fazendas até fugiram",
conta. "Hoje a fiscalização está
séria. As multas estão de arrochar."
O resultado, conta
ele, é que estão sendo aplicadas multas
de até R$ 200 mil nos fazendeiros (R$ 1.500
por hectare irregular, segundo Wegner) e vários
estão desistindo de plantar, porque, além
disso, os preços de produtos como a soja
estão baixos e há muito estoque nos
armazéns. "O prejuízo é
incalculável. Gaúcha parou este ano",
diz ele. O prefeito estima que na safra passada
o município plantou 28 mil hectares de soja
e 17 mil hectares de arroz. "Se a política
agrícola estivesse funcionando, a gente poderia
dobrar a produção. Eu acho que vai
é diminuir."
Wegner defende que
se flexibilize a obrigatoriedade de 80% de reserva
legal para o município, porque metade da
área total de Gaúcha (17,6 mil km²),
segundo ele, já corresponde a terra indígena
(parte do Parque do Xingu). "A maior parte
é chapadão (áreas planas e
altas, de vegetação mais rala). Não
tem problema. O que tem que preservar é as
matas ciliares, em torno das nascentes", argumenta.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel