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GOVERNO NÃO CUMPRIU
SUAS PRÓPRIAS METAS DE COMBATE AO
DESMATAMENTO
Panorama
Ambiental
Cuiabá (MT) – Brasil
Agosto de 2005
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Apesar dos indicadores
positivos que apontam queda no desmatamento na Amazônia,
estudo divulgado pelo Greenpeace na Reunião
Extraordinária do Conama (Conselho Nacional
de Meio Ambiente), em Cuiabá (MT), revela
que o Governo Federal deixou de cumprir a maior
parte das metas que havia fixado para 2004 em seu
Plano de Ação para a Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia. A
redução no desmatamento foi divulgada
esta semana pela Casa Civil e pelo Ministério
do Meio Ambiente (MMA).
O estudo reconhece
avanços feitos pelo governo na luta contra
o desmatamento, mas ressalta que a queda apontada
ocorreu numa conjuntura favorável, criada
pela redução dos preços das
commodities agrícolas, pela sobrevalorização
do Real e pelo grande impacto da Operação
Curupira, que resultou na prisão de quase
uma centena de pessoas e paralisou as frentes de
desmatamento no Mato Grosso e Pará.
“A grande redução
do desmatamento em junho decorre também da
forte presença do governo na Amazônia
após o assassinato da Irmã Dorothy
Stang em fevereiro e da criação de
áreas protegidas, numa prova de que governança
funciona”, disse o engenheiro florestal Marcelo
Marquesini, um dos autores do relatório do
Greenpeace. “Se o governo tivesse feito tudo o que
prometeu, a luta contra a destruição
da Amazônia e pela promoção
de atividades florestais realmente sustentáveis
poderia estar bem mais avançada”.
Em nota divulgada
hoje na reunião do Conama, as entidades que
compõem o Grupo de Trabalho de Florestas
do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais (FBOMS) – entre elas o Greenpeace –, observam
que “passada a ressaca da Operação
Curupira, os dados de desmatamento de julho e agosto
apontam para a retomada de patamares de desmatamento
do mesmo período do ano passado”. As ONGs
pedem a revisão do Plano de Ação
do governo, “que deveria por exemplo, fortalecer
as ações de combate à corrupção.”
O levantamento realizado
pelo Greenpeace entre fevereiro e maio de 2005 verificou
o andamento da realização das 24 ações
previstas no Plano, lançado pela Presidência
da República em março de 2004, envolvendo
13 ministérios e sob coordenação
da Casa Civil. O relatório, que cobre o período
março de 2004 a maio de 2005, aponta diversos
problemas na execução do plano – entre
elas, a não liberação de recursos
financeiros em tempo hábil. Mais de 90% das
metas do Plano de Ação deveriam ter
sido cumpridas até o final de 2004, mas não
foram atingidas até maio de 2005, quando
o estudo foi concluído.
Para o relatório,
o Greenpeace realizou pesquisas de campo, sobrevôos
por áreas desmatadas, entrevistas com fontes
do governo, com pessoal de escritórios do
Ibama e de bases operativas do Plano.
"Embora seja
estimulante ver que a luta do Ministério
do Meio Ambiente contra o desmatamento passou a
ser compartilhada por alguns outros ministérios,
nosso estudo demonstra que a proteção
da Amazônia ainda não é uma
prioridade do governo como um todo, que muitas vezes
age na contra-mão de seu próprio plano",
disse Marquesini.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa