|
MMA E MATO GROSSO FECHAM
NOVOS ACORDOS CONTRA DESMATAMENTO ILEGAL
Panorama
Ambiental
Cuiabá (MT) – Brasil
Agosto de 2005
|
 |
Estado deve assumir
gerenciamento do setor florestal até o início
de 2006
Os governos federal e de Mato Grosso assinaram novos
acordos para reduzir o desmatamento ilegal, que
envolvem ações compartilhadas entre
Ministério do Meio Ambiente, Ibama e governo
estadual. Entre as medidas, está um termo
que permitirá ao estado assumir a gestão
de toda a atividade florestal até o início
de 2006, emitindo licenças, Autorizações
para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) e
autorizando planos de manejo em propriedades rurais
de qualquer tamanho. Até hoje, o licenciamento
de propriedades com menos de 300 hectares era feito
pelo Ibama.
Os acordos foram firmados durante reunião
do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente),
em Cuiabá, quando seis estados da Amazônia
apresentarão suas ações contra
o desmatamento. O encontro também marca o
aniversário de 24 anos do conselho.
Os termos de cooperação incluem a
retomada do Zoneamento Ecológico-Econômico
do estado, a criação de um sistema
para garantir que a produção de carne
e de grãos tenha origem em áreas regularizadas,
a ampliação do acesso aos meios de
informação sobre meio ambiente, em
especial ao Deter (Sistema de Detecção
de Desmatamento em Tempo Real), a implementação
de novos parques e reservas, o controle de queimadas
e a ampliação do SLAPR (Sistema de
Licenciamento Ambiental em Propriedade Rural). Um
outro acordo será firmado nos próximos
dias para garantir maior participação
do Ibama na fiscalização da atividade
madeireira.
Um comitê formado por organizações
não-governamentais e setor produtivo fará
o acompanhamento e a fiscalização
das ações do estado na área
florestal, e o Ibama terá acesso a todas
as licenças emitidas pelo órgão
estadual. A sociedade poderá acompanhar o
avanço ou retrocesso do desmatamento com
o Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento
em Tempo Real). "O desmatamento continuará
caindo com a forte combinação de instrumentos
de desenvolvimento sustentável e fiscalização
rigorosa em parceria com estados, municípios
e sociedade civil", disse a ministra Marina
Silva.
Para a ministra, o debate de hoje é histórico
e acontece em um novo cenário, com tendência
de queda nas taxas de desmatamento na Amazônia.
No entanto, segundo ela, não se pode "baixar
a guarda", é preciso prosseguir com
ações estruturantes e fiscalização
rigorosa para que a redução do desmate
da floresta seja permanente. "A tendência
de queda não pode ser associada apenas à
crise do agronegócio", disse. "Se
isso ocorrer, se passa a mensagem de que o estado
brasileiro não tem condições
de gerenciar o uso de seus recursos naturais",
completou.
Para o governador Blairo Maggi, a necessidade de
novos desmatamentos será reduzida com a ampliação
do manejo sustentável da floresta e de outras
ações para regularizar a produção
agrícola e pecuária no estado. Conforme
ele, Mato Grosso está disposto a produzir
dentro da legalidade e com transparência,
sem deixar de elevar a produção de
soja, aves, suínos, madeira e algodão.
"Os acordos firmados hoje são um gesto
de confiança do governo para que o estado
possa assumir o gerenciamento ambiental", disse.
"O sistema legal em implementação
deve ser aberto e transparente para não incentivar
a corrupção", salientou.
Até que o governo estadual possa assumir
o licenciamento ambiental, Ministério do
Meio Ambiente, Ibama e Secretaria de Meio Ambiente
de Mato Grosso se reunirão periodicamente
para avaliar o andamento do processo. "Em caso
de falhas ou irregularidades, o governo federal
poderá agir e até suspender os acordos",
disse Flávio Montiel, diretor de Proteção
Ambiental do Ibama. O acompanhamento do acordo será
feito com um sistema compartilhado de geoprocessamento
e licenciamento ambiental. "Os órgãos
de meio ambiente federais e do estado terão
acesso às mesmas informações
e imagens de satélite, por exemplo",
completou.
A nova parceria entre governo federal e estado de
Mato Grosso foi debatida ontem entre representantes
do Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Secretaria
Estadual de Meio Ambiente, federações
das Indústrias e da Agricultura do Mato Grosso
e organizações não-governamentais
ambientalistas.
Durante a reunião com os setores produtivos,
parlamentares e líderes de classe cogitaram
alterações na MP 2166 e até
que o estado de Mato Grosso deixasse de integrar
a Amazônia Legal. A medida provisória
foi publicada pelo governo após o recorde
de desmatamento na Amazônia, de 29 mil km2,
em 1995. O texto também definiu a reserva
legal na Amazônia em 80%, no Cerrado Amazônico
em 35% e no restante do País em 20%. "A
vocação do estado é produzir
alimentos. Não entendo porque o Cerrado de
Mato Grosso é tratado de forma diferente
do resto do País", disse Homero Pereira,
da federação dos agricultores.
Para Flávio Montiel, do Ibama, a vocação
do estado não pode ser reduzida a uma atividade.
Segundo ele, com o Zoneamento Ecológico-Econômico
será possível ampliar a atividade
florestal sustentável. "É preciso
reconhecer e estimular outras possibilidades econômicas",
disse.
Conforme o secretário Langone, o MMA é
totalmente contrário a alterações
na MP 2166. Ele também defendeu a manutenção
do percentual de reserva legal nas áreas
de Cerrado do estado. "Com a publicação
do decreto do Mapa de Biomas, haverá o correto
enquadramento de toda a área de transição
entre Cerrado e floresta tropical como Amazônia",
disse.
Langone destacou, ainda, que a iniciativa do governo
federal de procurar os estados tem proporcionado
um diálogo inédito e a solução
gradual de problemas históricos. "Estamos
no caminho do desenvolvimento sustentável.
Os novos acordos estão antecipando o que
ocorrerá em maior escala com a aprovação
do Projeto de Lei de Florestas Públicas e
com a regulamentação do Artigo 23
da Constituição", disse.
Fonte: MMA - Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom (Aldem Bourscheit)