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PANTANAL BRASILEIRO PODE
ESTAR ENTRANDO NUM NOVO CICLO DE SECA, ALERTAM
PESQUISADORES
Panorama
Ambiental
Corumbá (MS) – Brasil
Agosto de 2005
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Diante da segunda
maior seca já registrada desde o ano de 1974,
pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) acreditam que o Pantanal Brasileiro pode
estar entrando num novo ciclo de seca. Esse ano,
o pico de cheia no rio Paraguai, medido na centenária
régua localizada no município de Ladário
(MS), ficou abaixo de 4 metros. O comportamento
atípico da cheia de 2005, provavelmente,
ocorreu em função dos baixos volumes
pluviométricos registrados e da alternância
de períodos chuvosos e de estiagens nessa
região, especificamente no período
de outubro de 2004 a março de 2005.
“O início
desse novo ciclo deve ser confirmado se em 2006,
o nível máximo do rio Paraguai for
inferior a 4 metros”, analisa o pesquisador da Embrapa
Pantanal (Corumbá – MS), o hidrólogo
Sérgio Galdino, ressaltando que, nesse ano,
o nível máximo registrado na régua
de Ladário, foi de 3,29 metros, ocorrido
no dia 20 de junho. Esse pico de cheia é
o segundo menor desde 1974, quando teve início
o atual ciclo de cheias do Pantanal. No período
de 1974 a 2004, a menor cheia ocorreu no ano de
2001, quando o nível máximo foi de
apenas 3,15 metros. A maior cheia ocorreu em 1988,
com pico de 6,64 metros. Essa marca é a maior
que se tem registro desde a instalação
da régua de medição do nível
do Rio Paraguai, em Ladário, gerenciada pelo
Serviço de Sinalização Náutica
d’Oeste, do 6º Distrito Naval da Marinha do
Brasil.
Considerando que
a média dos picos das cheias de 1974 a 2004
foi 5,23 metros, observa-se o quanto a cheia de
2005 foi pequena. Galdino destaca que esse é
um processo natural do Pantanal, cujos efeitos só
poderão ser avaliados num longo prazo. “O
Pantanal alterna ciclos de cheia e de seca que transformam
a paisagem da região, atendendo a necessidades
específicas como a reprodução
de peixes e a disponibilidade de pastagens, para
citar alguns exemplos”, explica o pesquisador.
No município
de Ladário, os pesquisadores observam que
no intervalo de 1º a 29 de agosto, o nível
das águas vem baixando em média 2,8
centímetros ao dia, ou seja, praticamente
3 centímetros ao dia. O nível atual
(29/08/05) de 2,11 metros, encontra-se quase um
metro abaixo do normal para essa época do
ano. A média histórica para o dia
29 de agosto do período de 1900 a 2004 é
de 3,07 metros. Comparando o nível atual
com o de anos anteriores, verifica-se que o nível
do Rio para essa época do ano, já
é o menor desde 1974. Na cidade de Cáceres,
no Mato Grosso, o nível no dia 23 de agosto
era de 1,06 metros, encontrando-se também,
quase um metro abaixo do normal para essa época
do ano, se considerada que a média histórica
para o dia 23 de agosto do período de 1966
a 2004 é de 1,86 metros. Galdino observa
que a última vez que o Rio Paraguai, em Cáceres,
registrou um nível tão baixo para
essa época do ano, foi em 1971, quando o
nível foi de 0,97 metros.
Com base no método
probabilístico de previsão do nível
mínimo, desenvolvido pela Embrapa Pantanal,
atualmente são muito altas (99%) as chances
de que o nível do Rio Paraguai, em Ladário,
até o final do ano fique compreendido entre
0,51 a 1,0 metro.
Com base no método
probabilístico de previsão do nível
mínimo, desenvolvido pela Embrapa Pantanal,
atualmente são muito altas (99%) as chances
de que o nível do Rio Paraguai, em Ladário,
até o final do ano fique compreendido entre
0,51 a 1,0 metro.
Dados – Levantamento
feito pela Embrapa Pantanal, a partir de dados diários
fornecidos pelo Serviço de Sinalização
Náutica d’Oeste do 6º Distrito Naval
da Marinha do Brasil, evidenciou que nos meses de
janeiro e fevereiro de 2005, o nível do Rio
Paraguai, na régua de Ladário-MS,
apresentou elevação normal passando
de 1,84 para 2,80 metros. Entretanto nos meses de
março a julho, o nível do rio ficou
praticamente estacionado.
Nesses cinco meses
o nível mínimo foi de 2,82 metros
e o máximo de 3,29 metros, e a variação
média diária, para mais ou para menos,
foi de apenas 8 milímetros, ou seja inferior
a um centímetro ao dia. A oscilação
média histórica do nível do
Rio Paraguai em Ladário no período
de 1900 a 2004 para esses meses do ano foi de ±16
milímetros, ou seja o dobro do valor observado
em 2005. A última vez que uma estagnação
desse tipo ocorreu foi no ano de 1973, quando a
variação média diária,
para mais ou para menos, nos meses de março
a julho foi de apenas 7 milímetros.
Fonte: Ministério da Agricultura
(www.agricultura.gov.br)
Assessoria de impresa