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PESQUISADORES DEBATEM USO
SUSTENTÁVEL DA TERRA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2005
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A expansão
do uso da terra ao norte de Manaus (AM), tem gerado
impactos ambientais evidentes, seja na ocupação
de novas áreas de forma espontânea,
desordenada, ou em conseqüência de políticas
públicas de concessão para fins agropecuários
e de assentamento de colonos. Outros fatores também
têm contribuído para o problema como,
por exemplo, o desmatamento, a construção
de estradas, a perda de solos ocasionados pela erosão,
e o assoreamento de igarapés, são
características comuns e generalizadas na
área do Distrito Agropecuário da Suframa
(DAS). E, as conseqüências são
negativas para a fauna, flora e o próprio
funcionamento dos ecossistemas.
Esses assuntos serão
debatidos no Workshop ZEE-DAS: o papel da biodiversidade
no Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE)
para DAS, que acontece hoje (29), na Universidade
Estadual do Amazonas. Na oportunidade, serão
apresentados os resultados do componente de biodiversidade
feitos por uma equipe interinstitucional, coordenada
pelo pesquisador Jansen A. S. Zuanon, do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa),
vinculado ao Ministério da Ciência
e Tecnologia.
Zuanon explicou que
a área do DAS está inserida na região
da Amazônia Central, e abriga uma grande diversidade
biológica e de ecossistemas, onde foram caracterizados
12 tipos de vegetações diferentes.
“A flora do local é riquíssima, com
aproximadamente 4 mil espécies e seguramente
dezenas de outras ainda não registradas,
especialmente nas regiões mais remotas e
de difícil acesso. Esse número representa
cerca de 8,5% da flora registrada para a Amazônia
brasileira, estimada em 50 mil espécies”,
ressaltou, acrescentando que as árvores da
região estão entre as mais altas do
planeta, com até 285 espécies por
hectare.
Com o levantamento
dessas informações será possível
afirmar que o local representa um valor econômico
real ou potencial que desafia cálculos exatos,
segundo Zuanon. Mas o pesquisador alerta: “é
preciso rever os métodos utilizados para
a exploração dessas riquezas”. Ele
disse que a ocupação para fins agropecuários
não representa a forma mais adequada de uso
da terra e dos recursos naturais identificados.
E sugere saídas para a questão como,
por exemplo, uma pauta para sustentabilidade a longo
prazo, envolvendo estudos prévios de impacto
ambiental, planos de manejo de recursos naturais
e o envolvimento de comunidades ou grupos de cidadãos
que habitam a região.
“A exploração
de recursos florestais, madeireiros ou não,
deveria ser feita em bases cientificamente sólidas,
em áreas pré-determinadas por estudos
de viabilidade econômica e sustentabilidade
ambiental. Projetos de piscicultura de corte e ornamental
bem planejados e conduzidos, com manejo dos recursos
hídricos e tratamento adequado de efluentes,
representam uma alternativa econômica viável
para os proprietários rurais assentados no
DAS”, destacou, acrescentando que os projetos de
utilização das áreas já
alteradas por desmatamento (pastagens e capoeiras),
especialmente envolvendo cultivos perenes como a
fruticultura, poderiam agregar valor às terras
do DAS e talvez diminuir a rotatividade de pequenos
“proprietários” de terras.
Zuanon sugere, entre
as atividades econômicas viáveis de
baixo impacto ambiental, o turísmo ecológico
e/ou científico. Justificado principalmente
pelas belezas naturais da área, a exemplo
das corredeiras do rio Urubu, os igarapés
do rio Cuieiras, a vegetação exótica
das Campinas e suas orquídeas endêmicas,
e a impressionante riqueza de espécies de
aves, representam atrativos seguros para turistas.
“A existência de atividades constantes de
pesquisa científica naquela área,
que conta com a presença de bases de campo
permanentes e pessoal altamente qualificado para
atuar como guias, proporcionam condições
iniciais promissoras para o estabelecimento de programas
de turismo científico”, destacou.
Para isso, propõe
a criação e regulamentação
de um mosaico de diferentes tipos de Unidades de
Conservação (UCs) para o DAS, incluindo
Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDSs),
Florestas Estaduais (FLOEs) ou Nacionais (FLONAs).
Além disso, unidades mais restritivas, como
parques estaduais e estações ecológicas,
serviriam para proteger extensões de terras
destinadas à conservação biológica,
especialmente de espécies seriamente ameaçadas
de extinção, como o Sauim de Coleira
(Saguinus bicolor).
Fonte: MCT - Ministério
da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa