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PROFESSORES TICUNA CONQUISTAM
ENSINO SUPERIOR INDÍGENA NO ALTO
SOLIMÕES
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Agosto de 2005
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A Organização
Geral dos Professores Ticuna Bilíngües
(OGPTB) inicia em novembro, em parceria com a Universidade
do Amazonas (UEA), um curso de Licenciatura Plena
que atenderá 250 professores indígenas
da mesorregião do Alto Solimões (230
ticuna e 20 das etnias cocama, cambeba e caixana).
Serão oferecidos
três habilitações: Estudo de
Linguagem, que englobará o português,
a língua indígena, espanhol, literatura,
artes e educação física; Ciências
da Natureza e Matemática - biologia, física,
química e matemática - e Ciências
Humanas - história, geografia, antropologia,
sociologia e filosofia.
"Assim, nossos
professores poderão assumir o ensino fundamental
completo. Hoje eles cuidam apenas da 1ª a 4ª
séries e da língua ticuna. Quem está
trabalhando em escolas indígenas são
os professores não-índios", contou
Constantino Ramos Lopes, coordenador da OGPTB, em
entrevista ao programa Ponto de Encontro, da Rádio
Nacional Amazônia.
A entidade foi criada
em 1986 e hoje reúne 504 professores. Segundo
dados da própria OGPTB, existem no país
cerca de 50 mil indígenas ticuna, concentrados
às margens do Solimões e seus afluentes.
Em 1993, a organização começou
a oferecer cursos de formação aos
professores indígenas que atuavam no Alto
Solimões e haviam estudado apenas até
a 4ª série do Ensino Fundamental.
"Oferecemos
um curso de magistério, equivalente ao ensino
médio. Quando começamos, o curso não
tinha validade. Só em 2000 foi reconhecido
pelo Conselho Estadual de Educação.
O recurso não vinha do governo brasileiro,
mas de organizações não-governamentais
da Holanda, da Noruega", revelou o coordenador
da OGPTB.
"Nossa sede,
em Benjamin Constant, virou um grande centro de
formação. O caminho para melhorar
a educação é qualificar e valorizar
o professor", disse. Em 2002, o curso foi encerrado,
porque a demanda já estava suprida: 481 indígenas,
dos quais 448 ticuna, tinham concluído o
ensino médio. Esse bom resultado se refletiu
no aumento do número de alunos ticuna na
região, que passou de 7.458, em 1998, para
14.359 estudantes, no ano passado.
A OGPTB está
concluindo neste ano o projeto Educação
Ambiental e Uso Sustentável da Várzea
em Áreas Indígenas Ticuna do Alto
Solimões, iniciado em agosto de 2002. A iniciativa
recebeu financiamento de R$ 500 mil do Projeto Manejo
dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama),
subprograma do Programa Piloto para Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado
pelo Ministério do Meio Ambiente.
O objetivo do projeto
é promover o uso racional dos recursos naturais
da várzea em áreas indígenas
do Alto Solimões, por meio de um programa
de educação ambiental implementado
nas escolas indígenas e não-indígenas.
A verba financiou diversos cursos e palestras, além
de oficinas de informática e de produção
de material didático.
Doze cartazes com
temas ecológicos, desenhados pelos próprios
alunos e professores ticuna e escritos em língua
indígena estão sendo lançados
e distribuídos nas comunidades. Além
disso, já está em etapa de edição
um livro de educação ambiental elaborado
com base no conhecimento tradicional ticuna, a partir
de entrevistas com os indígenas mais idosos.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi