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ANTES DAS COMUNIDADES,
MADEIREIRA FAZIA MANEJO EM TAPAJÓS
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Setembro de 2005
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09/09/2005 – De
julho de 1999 a julho de 2004, a extração
da madeira em Tapajós (Pará) foi feita
pela Treviso. A madeireira venceu o processo de
licitação para retirar madeira de
uma área de 3.222 hectares, dentro da Flona
Tapajós.
"As populações
locais ficaram reativas, porque só a empresa
foi beneficiada", afirmou Viviane Gonçalves,
coordenadora das ações do PróManejo
na Flona Tapajós. "O próprio
processo de criação da Flona, em 1974,
durante o governo Médici, gerou essa relação
conflituosa com o Estado. O espírito, à
época, era o de retirar os moradores de lá."
Arimar Rodrigues,
33 anos, nasceu e se criou na Flona Tapajós
e trabalhou durante um ano na Treviso. "Foi
depois que voltei de Santarém, onde passei
dez anos, servi o Exército, estudei, casei.
Voltei para cá porque fiquei desempregado
e fui lidar com o roçado de milho e mandioca",
contou.
"Quando não
tinha caça e pesca, a gente passava fome",
lembrou. Ainda assim, ele pediu demissão
da madeireira. "Era um trabalho honesto, dentro
da lei, mas eu me sentia ferido de ver a madeira
caindo, algo que a gente preservou tanto. Quem se
criou na floresta tem amor a ela. Agora, com os
moradores fazendo o manejo, a coisa será
diferente."
Atualmente, Arimar
Rodrigues é coordenador da Associação
Intercomunitária dos Minis e Pequenos Produtores
Rurais do Médio Rio Tapajós (Asmiprut)
e da Cooperativa Flona Tapajós Verde. Foi
ele quem criou o projeto de couro ecológico,
no qual trabalham 18 famílias, com renda
mensal que varia entre R$ 100 e R$ 500 reais – de
acordo com o que se produz.
"Em junho, a
gente recebeu a visita do banco alemão e
eles perguntaram o que a gente precisava, caso o
projeto fosse renovado. Eu agradeci muito toda a
ajuda que já nos deram, mas expliquei que
nosso pensamento é o de caminhar sozinho",
afirmou Rodrigues. "Sugeri a eles que apoiassem
outras iniciativas, porque a floresta toda está
cheia de comunidades com boas idéias, precisando
de incentivo."
Viviane Gonçalves
defendeu que, para reproduzir as iniciativas da
floresta Tapajós em outras Flonas da Amazônia,
é preciso que o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) disponha de servidores capacitados, com
"traquejo para negociação",
e, claro, de recursos.
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi