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AOS 25 ANOS, CABO ORANGE
DECIFRA AS RIQUEZAS QUE PROTEGE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2005
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08/09/2005 - No ano
em que completa 25 anos de existência, o Parque
Nacional do Cabo Orange começa a decifrar
as riquezas que guarda em seu interior. No próximo
dia 9 de setembro, uma equipe composta por técnicos
do Ibama e de universidades e institutos de pesquisa
do Amapá e do Pará inicia uma expedição
de 15 dias pelos diversos ecossistemas do parque,
visando levantar dados biológicos e arqueológicos
para o plano de manejo da área. A expedição
conta com o apoio do WWF-Brasil* e do Programa Áreas
Protegidas da Amazônia (ARPA).
Localizado no extremo
norte do Brasil, na costa do Amapá, o Cabo
Orange foi decretado pelo governo federal em julho
de 1980. É um dos primeiros parques nacionais
criados na Amazônia brasileira. Seus 619 mil
hectares protegem uma grande variedade de paisagens,
moldadas pelo contato dos ecossistemas amazônicos
com as águas do Oceano Atlântico. São
mangues, campos inundáveis, campos limpos,
florestas inundáveis (ou várzeas),
florestas de terra firme, além de ecossistemas
marinhos. É, ao mesmo tempo, um parque continental
e marinho, já que aproximadamente 200 mil
hectares de sua área estão am águas
oceânicas. Acolhe ainda sítios arqueológicos
pouco explorados por pesquisadores.
O excelente estado de conservação
do parque garante abrigo e alimentos abundantes
para a reprodução de muitas espécies
de aves migratórias, répteis e mamíferos,
muitos dos quais ameaçados de extinção
em outras partes do Brasil. É o caso de aves
como o guará (Endocimus ruber) e o flamingo
(Phoenicopterus ruber), a tartaruga-verde (Chelonia
mydas) e de mamíferos como o peixe-boi marinho
(Trichechus manatus), o peixe-boi amazônico
(Trichechus inunguis) e a suçuarana (Puma
concolor). Por isso, o parque tem como um de seus
maiores atrativos a observação de
animais, especialmente de aves.
Duas décadas
e meia de espera
Apesar das riquezas
que protege, o Parque Nacional do Cabo Orange não
recebeu os investimentos necessários para
cumprir as funções para as quais foi
criado. Agora, está realizando os levantamentos
necessários para formular seu plano de manejo,
documento que define as atividades humanas permitidas
em seu interior – como pesquisa científica,
educação ambiental e turismo -, os
locais onde poderão ocorrer e as estruturas
físicas para que ocorram. Sem o plano de
manejo, o parque não pode funcionar adequadamente.
Esse “presente de aniversário” é resultado
do ARPA que, além de criar novas áreas
protegidas na Amazônia, está investindo
na implementação de parques ainda
não consolidados. A expedição
que se inicia esta semana é a segunda de
uma série de três planejadas pela equipe
do Ibama que administra o parque – a primeira ocorreu
em abril passado e a última está prevista
para o início de 2006. Essa segunda incursão
pelo parque conta com a presença do entomólogo
(especialista em insetos) Emerson Monteiro dos Santos,
da Universidade Federal do Pará; do biólogo
Andrei Roos, do Centro Nacional de Pesquisa para
Conservação das Aves Silvestres (Cemave),
do Ibama; do arqueólogo Ednaldo Pinheiro
Nunes, do Museu Histórico do Amapá
e do Museu Paraense Emílio Goeldi, que realiza
pesquisa no sítio arqueológico do
Cunani.
Participam também pesquisadores das áreas
de geologia, botânica, ictiologia (estudo
de peixes) e mamíferos do Instituto de Pesquisas
Científicas e Tecnológicas do Estado
do Amapá (Iepa). A expedição
pretende avaliar o potencial de visitação
de três áreas: o Lago do Tralhoto,
descrita pelos pesquisadores como uma área
que concilia importância biológica
e beleza natural, os ninhais do Igarapé do
Marrecal e as praias do sul do parque.
Além de contar com recursos do ARPA, as expedições
têm apoio financeiro e técnico do WWF-Brasil
que, por meio de um acordo com o Ibama, investe
na compra de equipamentos e contratação
de serviços. “Com esse apoio complementar
ao ARPA, estamos encurtando o caminho para que o
Parque Nacional do Cabo Orange finalize seu plano
de manejo e, em breve, exiba suas belas paisagens
ao Brasil e ao mundo”, afirma Denise Hamú,
CEO do WWF-Brasil.
Saiba mais sobre o ARPA
O Programa Áreas Protegidas da Amazônia
(ARPA) é uma iniciativa do governo federal,
coordenada pelo Ministério do Meio e executada
pelo Ibama e pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
(Funbio), entidade não-governamental com
larga experiência em implantar projetos ambientais
no país. O programa conta ainda com o apoio
financeiro e administrativo do Fundo Global para
o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês),
do Banco Mundial; KfW (banco de cooperação
da Alemanha), GTZ (agência de cooperação
técnica da Alemanha) e do WWF-Brasil.
A meta do ARPA é, ao longo de 10 anos, estruturar
uma rede de parques e reservas que proteja ao menos
50 milhões de hectares das diferentes paisagens
da Amazônia brasileira - uma área equivalente
ao território da Espanha. Além de
criar novas áreas protegidas, o programa
está financiando a implantação
de unidades de conservação criadas
no passado, mas que não receberam investimentos
para funcionar adequadamente - caso do Parque Nacional
do Cabo Orange. Com os recursos do programa, o parque
está investindo na vigilância de seu
patrimônio e realizando os levantamentos necessários
para preparar seu plano de manejo, que deverá
estar concluído no primeiro semestre de 2006.
Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa