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PARA RELATOR DA AGENDA
21, PROJETO NÃO SEGUE LÓGICA
DE EXPLORAÇÃO INTELIGENTE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2005
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08/09/2005 – O projeto
de lei que regula a gestão pública
de florestas (PL 4776) não está dentro
de um novo modelo de exploração responsável
da Amazônia. A avaliação é
do jornalista Washington Novaes, ex-secretário
de Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia do
Distrito Federal e um dos relatores da Agenda 21
brasileira (plataforma de propostas para o desenvolvimento
sustentável do país ao longo deste
século, que foi definida a partir da Agenda
21 Global, aprovada na ECO 92).
Em vez de retirar
árvores da floresta, Novaes pede que seja
feito um projeto amplo de desenvolvimento sustentável
e inteligente da região. Para seguir esse
caminho, o jornalista sugere que a Amazônia
seja pesquisada, e não explorada. "Nós
temos de nos convencer de que biodiversidade é
a maior riqueza do país, porque é
daí que virão os novos remédios,
novos alimentos, novos materiais para substituir
os produtos não-renováveis",
argumenta.
Na visão de
Novaes, o país não deveria estar preocupado
em retirar árvores da floresta, e sim em
identificar espécies que possam ser reproduzidas
fora do ambiente da Amazônia. O jornalista
cita o caso de alguns produtos que obtiveram sucesso
econômico ao serem cultivados fora do ambiente
da floresta.
"Um exemplo
é a pupunha, que é uma árvore
com muitos espinhos", cita. "O Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia [Inpa] demorou
anos para desenvolver um tipo de pupunha bem mais
manejável, com poucos espinhos." Segundo
ele, hoje, a pupunha responde por praticamente 90%
da produção de palmito do país.
Vem substituindo o palmito jussara, que está
praticamente esgotado.
"Mas a gente
não sabe quase nada da Amazônia porque
nosso investimento em pesquisa da região
é muito pequeno", alerta. Washington
Novaes afirma que, dos quase 30 mil doutores do
país, "menos de mil estão trabalhando
na Amazônia". "E se nós destruirmos
a Amazônia, vamos destruir essa biodiversidade
antes mesmo de conhecê-la."
Além da variedade
de palmito, Novaes cita o caso do açaí,
cupuaçu e guaraná, como produtos identificados
na Amazônia, mas cultivados fora de seu ambiente.
"E isso são poucas coisas, temos muito
mais na área de medicamentos", observa.
Na opinião
de Novaes, o projeto que pretende disseminar a prática
do manejo florestal ainda não está
dentro de um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
Ele aponta que, sem fiscalização e
com baixo retorno financeiro, o manejo não
sairá do papel e servirá, indiretamente,
como um incentivo ao desmatamento.
Novaes afirma que,
ao centrar a exploração da Amazônia
na retirada de madeira, o governo mantém
a linha de fazer exportações de matéria-prima
ou de produtos de baixo valor, como alumínio,
madeira, soja, carne e minérios.
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Daniel Merli