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PESQUISADOR PEDE PRESSA
NA DEFINIÇÃO DE REGRAS PARA
PROTEGER CONHECIMENTO TRADICIONAL
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Setembro de 2005
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14/09/2005 - Enquanto
o Estado brasileiro se demora para definir normas
de proteção jurídica do conhecimento
tradicional, o saber milenar dos chamados "povos
da floresta", como indígenas, ribeirinhos
e seringueiros, desaparece a cada nova geração.
A afirmação foi uma provocação
do professor da Universidade do Amazona (Ufam) Luiz
Frederico Arruda aos cerca de 250 participantes
do II Seminário de Propriedade Intelectual,
Ciência e Conhecimento Tradicionais da Amazônia.
Organizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa), o evento se encerra hoje
em Manaus.
"O que de fato
estamos fazendo para proteger o conhecimento tradicional
pelo seu valor em si, não pelo que ele vale
economicamente?", indagou ele. "O tempo
passa e esse conhecimento se apequena."
O professor afirmou
ainda que é hipocrisia dos pesquisadores
dizerem que defendem o conhecimento tradicional
porque têm interesse em se apropriar de uma
planta medicinal, enquanto olham com desdém
o trabalho de um médico indígena tradicional
(pajé). "A gente cataloga o conhecimento
tradicional sem entender o significado dele na cultura
de origem", disse Arruda.
"Nós
representamos os conquistadores da Amazônia.
Não é à toa que somos vistos
como biopiratas. Somos o primeiro elo de uma cadeia
produtiva que dificilmente resultará em riqueza
para o país, muito menos para os povos indígenas",
concordou Charles Clement, pesquisador do Inpa.
"A homologação
da nossa terra nos ajudou a controlar a pesquisa.
Hoje, para um pesquisador entrar no Alto Rio Negro
é preciso consultar a Foirn (Federação
das Organizações Indígenas
do Alto Rio Negro). E a gente exige que ele faça
projetos que tragam melhorias para a qualidade de
vida das comunidades", contou Erivaldo Cruz,
membro da diretoria-executiva da Foirn. A entidade
congrega 35 mil indígenas de 22 etnias que
vivem em 700 comunidades espalhadas pelos municípios
de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel
do Rio Negro e Barcelos (AM).
O
II Seminário de Propriedade Intelectual,
Ciência e Conhecimentos Tradicionais da Amazônia
tem apoio da Petrobrás, do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico) e do Ministério da Ciência
e Tecnologia.
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi