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AÇÕES DE
PROPRIETÁRIOS IMPEDEM CRIAÇÃO
DE RESERVAS COM ARAUCÁRIAS NO SUL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2005
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20/09/2005 - Para
a procuradora federal Lara Calafell Araújo,
ações que tramitam na Justiça
Federal do Paraná, solicitadas por sindicatos
e cooperativas rurais em nome de proprietários
de terra, têm impossibilitado a criação
de unidades de conservação das florestas
de araucárias no Paraná e em Santa
Catarina. A polêmica, segundo ela, gira em
torno do pagamento das indenizações
aos proprietários de terra.
Segundo a procuradora, os produtores rurais alegam
que poderão ser prejudicados com a medida
e reclamam da ausência de informações
e debates sobre os impactos da criação
dessas reservas.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região
em Porto Alegre acatou as denúncias e suspendeu
a criação das unidades. O Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) recorreu, mas desde o
início de julho todos os processos estão
parados, e, de acordo com a procuradora, o processo
"leva anos tramitando na Justiça".
O Ibama justifica que as propostas de criação
dos parques e reservas foram feitas com base em
um amplo estudo elaborado por uma força-tarefa
do Grupo de Trabalho Araucárias Sul, que
reúne técnicos do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), do próprio instituto,
de universidades e de outros setores da sociedade.
A Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), formada
por cerca de 300 entidades em 17 estados brasileiros,
tem feito campanhas de mobilização
pedindo o apoio da população na criação
das unidades.
A coordenadora da rede, Miriam Prochnow, conta que,
em maio deste ano, a ministra Marina Silva assumiu
o compromisso de agilizar a criação
das unidades. "Já estamos no mês
de setembro e isso ainda não foi concretizado.
A floresta de araucárias é o ecossistema
mais ameaçado da mata atlântica. Várias
denúncias e laudos, inclusive, estão
sendo emitidos por causa dos desmatamentos neste
ano, em junho e julho, no entorno e dentro das áreas
que deverão ser criadas", afirmou a
coordenadora. "Se nada for feito neste momento
corremos o risco de termos essas florestas extintas."
Para o secretário de Biodiversidade e Florestas
do Ministério do Meio Ambiente, João
Paulo Capobianco, a criação das unidades
de conservação vai gerar um impacto
positivo em relação à conservação
das matas araucárias. "Nós temos
uma área muito pequena remanescente protegida
como reservas ambientais. Temos cerca de 0,2% protegidas
e com a criação das novas unidades
poderemos chegar perto de 1%. É muito pouco,
mas é um passo importante para proteger pelo
menos as áreas mais representativas",
disse. Capobianco afirmou que, assim que houver
um entendimento no campo judicial, as unidades serão
criadas.
De acordo com dados da Secretaria do Meio Ambiente
do Paraná, o bioma mata atlântica é
considerado patrimônio nacional pela Constituição.
Originalmente cobria mais de 1,3 milhão de
quilômetros quadrados do território.
Hoje a mata está reduzida a 7,84% de sua
cobertura florestal original.
Segundo o chefe de fiscalização do
Ibama no Paraná Hélio Sydol, restam
no estado apenas 0,8% da floresta de araucárias,
que já teve uma extensão de 73 mil
quilômetros quadrados. "O Ibama está
monitorando constantemente essas áreas, para
evitar que alguns produtores façam queimadas,
derrubadas de árvores ou plantio de outras
espécies", informou Sydol.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida,
o impacto sobre a produção no estado
é mínimo. Dos 96 mil hectares, apenas
6 mil hectares são formados por áreas
produtivas e 48 mil hectares são áreas
públicas. Segundo Cheida, a criação
das cinco unidades de conservação
"não só é importante para
meio ambiente como é um fator de estímulo
à produção". O secretário
afirma que os agricultores não serão
prejudicados com a criação dessas
novas áreas e poderão continuar suas
atividades agrícola, pecuária ou madeireira
no entorno das unidades.
A partir de audiências públicas, com
dez reuniões em sete municípios, definiu-se
a criação de cinco unidades no Paraná:
Parque Nacional dos Campos Gerais (23.000 hectares),
Reserva Biológica das Araucárias (16.078
hectares), Refúgio da Vida Silvestre do Rio
Tibagi (31.698 hectares), Reserva Biológica
das Perobas (11.000 hectares) e Refúgio de
Vida Silvestre dos Campos de Palmas (16.445 hectares).
Em Santa Catarina, foram planejadas mais três
unidades: Estação Ecológica
da Mata Preta (9.006 hectares), Parque Nacional
das Araucárias (16.824 hectares), Área
de Proteção Ambiental das Araucárias
(419.218 hectares).
* com informações da Agência
Brasil
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom