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CRIADOR DO PROALCOOL DIZ BIODIESEL COMPLETA SEU PROJETO E PEDE PRESSA AO PAÍS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2005

22/09/2005 – O físico José Walter Bautista Vidal era secretário de Tecnologia Industrial no governo Ernesto Geisel (1974-78) quando coordenou a implantação do programa que até hoje é referência mundial no campo dos biocombustíveis. O criador do Programa Nacional do Álcool não define o Proalcool senão como um "sucesso", um caso único no mundo.

Mas, não deixa de reconhecer: a implantação do biodiesel no país vem retomar um trabalho que ficou incompleto por quase três décadas. "Substituindo a gasolina pelo álcool, você substitui apenas uma parte do petróleo importado. O programa que nós montamos era para substituir o petróleo, ou seja, a gasolina e o óleo diesel", explica.

Hoje, Bautista Vidal está engajado diretamente na implantação do biodiesel no país. Ele coordena o Instituto do Sol, ONG que se dedica à implantação de projetos de biodiesel entre agricultores familiares.

Nesta entrevista exclusiva à Agência Brasil, o físico fala sobre a ligação do Proalcool com o atual projeto do governo para adoção do biodiesel no país. Ele defende a viabilidade de se implantar imediatamente um patamar maior de mistura de biodiesel ao diesel – o governo federal estabeleceu que em 2008 passa a ser obrigatória a adição de 2%, hoje opcional.

Leia a seguir a primeira parte da entrevista, concedida em Brasília, no apartamento de Bautista Vidal, profissional que, além do Proalcool, tem no currículo o treinamento dos geofísicos brasileiros que descobriram a Bacia de Campos, no Rio, viabilizando a exploração de petróleo no subsolo marinho, e a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari (BA), entre outros feitos.

Agência Brasil - Como foi pensado o Proalcool? Havia alguma previsão de implantação do biodiesel naquela época?

Bautista Vidal - Nós implantamos o Proalcool em 1974, 75. Naquela época, nós estávamos importando 60% do petróleo necessário ao país. E, claro, o que nós queríamos era deixar de importar. Substituindo a gasolina pelo álcool, você substitui apenas uma parte do petróleo importado. Então o diesel não foi mexido e, é claro, como o diesel tem uma demanda nacional bastante grande, continuamos a importar petróleo.

Como estávamos substituindo parte da gasolina pelo álcool, começou a sobrar gasolina, porque você era obrigado a importar petróleo por causa do óleo diesel. Quando você separava os componentes do petróleo, a gasolina era substituída pelo álcool, e o diesel por nada. Aí começou a sobrar gasolina. O Brasil virou o maior exportador de gasolina para os Estados Unidos. O programa que nós montamos era para substituir o petróleo, ou seja, a gasolina e o óleo diesel. Nós demos prioridade à gasolina porque era o mais difícil e o mais amplo.

Até hoje não houve um outro país que conseguisse fazer um programa igual o do Brasil. Vários tentaram, mas não conseguiram. Austrália e África do Sul tentaram. Os Estados Unidos têm um programa só de mistura de álcool com a gasolina, é um programa quase ecológico. Eles misturam para retirar o chumbo-tetraetil, que é um veneno perigoso. Usando a gasolina, você tem que adicionar o chumbo como antidetonante. E o álcool é antidetonante. Você mistura 10% de álcool e não precisa de chumbo. Então, passaram-se 27 anos, e nenhum outro país conseguiu fazer um projeto nacional alternativo.

ABr - De alguma forma, o atual programa para adoção do biodiesel completa o que vocês pensaram naquela época?

Bautista Vidal - É, mas repare, eu estava, 27 anos atrás, elaborando um programa para misturar 40% de óleo vegetal ao óleo diesel. Agora se prevê a mistura de 2%. É uma brincadeira.

O mundo todo está esperando que o Brasil substitua o petróleo. Com essa questão de os Estados Unidos invadirem o Iraque e tomarem as reservas deles... Agora estão falando em invadir o Irã... Países como o Japão, Alemanha, que dependem vitalmente da importação do petróleo, estão começando a ficar preocupados, porque o exército americano não vai dar colher de chá ao japonês nem ao alemão. Eles vêm de uma guerra recente.

As pressões sobre o Brasil estão muito grandes para que o país jogue no mercado alternativas aos derivados do petróleo, de natureza renovável e limpa, como são o óleo vegetal e o álcool. Como o petróleo está acabando e o carvão mineral provoca o terrível efeito estufa, toda a esperança do mundo é a produção de energia renovável e limpa pelo Brasil.

ABr - Haveria capacidade imediata no país para estabelecer uma mistura mais significativa de biodiesel?

Bautista Vidal - Mas isso é facílimo de instalar. E o interesse, por exemplo, de que essas coisas se instalem, do japonês, do chinês, do alemão, é enorme. Eles facilitam o dinheiro que o Brasil quiser. E paga com combustível! Eles dão o dinheiro e depois paga com combustível, sem juro nem nada. Claro, para eles é uma questão de sobrevivência.

O Brasil está numa situação única, que nenhum país teve. Agora, precisa ter a decisão de fazer. E aí você passa para 2%, uma meta mixuruca, não tem nada a ver com a demanda, porque a demanda vai ser enorme. O Brasil tinha que rapidamente se preparar. É possível até com os pequenos produtores, e nós estamos fazendo principalmente com os pequenos produtores. E começam orientações equivocadas, como esse negócio da mamona... O óleo da mamona custa três vezes o que custa o óleo diesel. Como é que você vai produzir um produto a partir de uma matéria-prima que custa três vezes mais?

Fonte: Agência Brasil – Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel

 
 
 
 

 

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