Entre outros convidados presentes à abertura
do seminário, se encontravam Geraldo Siqueira
Filho, do Ministério do Meio Ambiente, Maria
da Glória Figueiredo, da CETESB, Carlos Trombini,
presidente da ABRAVA, Paulo Neulander, do Grupo
Ozônio, e Eduardo Macedo Ferraz, do SENAI.
Também aconteceram, no evento, as apresentações
dos temas “Mercado Atual: Fluídos Refrigerantes
Alternativos”, por Maurício Xavier, da ABRAVA
e Grupo Ozônio; "Créditos de Carbono:
Projetos, Estrutura, Ciclo e Mercado”, por Carlos
Martins, da Ecoinvest Carbon; “Projetos de Créditos
de Carbono: Casos Internacionais de Substituição
de Gases de Refrigeração”, por Victor
Pulz Filho, da MGM International do Brasil; e “Relação
entre Destruição da Camada de Ozônio
e Mudanças Climáticas, Interações
entre os Protocolos de Montreal e Kyoto”, por Luiz
Gylvan Meira Filho, do Instituto de Estudos Avançados
da USP.
Em sua exposição,
Maurício Xavier fez um breve histórico
da “evolução do frio”, lembrando
que a refrigeração artificial apareceu
em 1775, quando William Cullen, em Glasgow, procedeu
à evaporação de éter
etílico. Já em 1859, com Ferdinand
Carré, surgiu o primeiro sistema de refrigeração
por absorção utilizando a amônia.
Outras substâncias introduzidas na refrigeração,
nessa época, foram o dióxido de
carbono e o cloreto de metileno, que porém
possuíam alta toxicidade, gerando casos
de fatalidade.
Já a partir da década
de 30, conforme Xavier, foram introduzidos os
“halogenados” (CFCs - clorofluorcarbonetos e HCFCs
- hidroclorofluorcarbonetos), que mais tarde ficaram
notabilizados como gases destruidores da camada
de ozônio na atmosfera superior. Os HFCs
- hidrofluorcarbonetos, que surgiram na década
de 90, como substitutos dos CFCs, embora não
danifiquem a camada de ozônio, levam ao
aquecimento global.
Quanto às tendências
futuras, no que se refere ao mercado de fluídos
refrigerantes, Xavier é de opinião
que, a curto prazo, o que ocorrerá é
a utilização, ainda, de HFCs em
equipamentos novos, a substituição
de CFCs por misturas de HCFCs com HFCs e a continuidade
do uso de amônia.
Porém, prevê que
a longo prazo, com base em pesquisas realizadas
atualmente, novas tecnologias, sem compressão,
e novos fluidos com reduzido potencial de aquecimento
global.
Carlos Martins, por sua vez,
lembrou a importância de se debater o efeito
estufa, ressaltando, entre outros dados, que a
projeção da temperatura média
da superfície da Terra para o século
21 indica um aumento de 1,4 a 5,8° C, e que
a década de 1991 a 2000 foi a mais quente
dos últimos mil anos, com destaque para
1998, que foi o ano mais quente do milênio.
Recordou que entre os principais gases de efeito
estufa, se encontram o dióxido de carbono,
o metano, óxido nitroso, os gases refrigerantes
CFC-12 e HCFC-22, o perfluormetano e hexafluoreto
de enxofre.
Para Martins, opções
como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL,
favorecem países como o Brasil, que podem
computar o que deixou de ser emitido, depois de
2000, como créditos de carbono. Segundo
explicou, o Banco Mundial estima que o mercado
de créditos de carbono movimentará
em países como o Brasil, cerca de US$ 10
bilhões por ano. Informou que os preços
de mercado por tonelada de CO2 variam entre 3
e 7 dólares.
Em sua exposição,
o engenheiro Victor Pulz Filho informou que, até
agosto último, havia um total de 280 projetos
de MDL no mundo, sendo 74 apenas no Brasil. Disse
que, até meados de setembro, dos projetos
em estágio de validação -
um estágio mais avançado no processo
de análise para certificação
-, em exposição para comentários
públicos na internet, havia um total de
45 projetos, sendo 7 brasileiros.
Com relação aos
projetos registrados, o número total decresce
para 19 - incluindo dois do Brasil - , correspondendo
a uma estimativa de redução total
de dióxido de carbono, de cerca de 6,5
milhões de toneladas por ano.
Luiz Gylvan Meira Filho esclareceu
que, apesar dos conflitos na relação
entre os protocolos de Montreal e de Kyoto, não
há previsão legal de mudanças
das regras, pelo menos até 2012, quando
termina a primeira etapa de vigência do
Protocolo de Kyoto. Explicou que um dos dilemas
básicos no cruzamento entre os dois grandes
acordos mundiais gira em torno das reações
químicas entre os CFCs e o ozônio
da camada, que é também um gás
de efeito estufa. Desta maneira, à medida
que o Protocolo de Montreal for avançando,
com a esperada recomposição da camada
de ozônio, o efeito estufa tende a piorar.