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GOVERNO FORTALECE PARCERIAS
PARA COMBATER DESERTIFICAÇÃO
EM GILBUÉS, NO PIAUÍ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2005
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23/09/2005 - Articular
uma série de políticas públicas
para combater o avanço da desertificação
no município de Gilbués, no sul do
estado do Piauí, será o próximo
passo da equipe técnica do governo federal
que visitou a região entre os dias 18 e 21.
Coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente,
a iniciativa teve por objetivo fortalecer parcerias
para ações integradas e propor alternativas
de desenvolvimento sustentável para a região,
de acordo com as diretrizes do Programa de Ação
Nacional de Combate à Desertificação
e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil).
Gilbués possui a maior área contínua
desertificada do país. É considerado
pelo PAN-Brasil como um dos núcleos de desertificação
no Nordeste. A degradação do solo
atinge mais sete municípios da região:
São Gonçalo do Gurguéia, Corrente,
Monte Alegre do Piauí, Barreiras do Piauí,
Curimatá, Redenção do Gurguéia
e Bom Jesus.
Segundo o coordenador de Desertificação
do Ministério do Meio Ambiente, José
Roberto de Lima, a geologia da região é
atípica, diferente do resto do país.
É um ambiente muito frágil e o processo
de degradação é muito potencializado
pela exploração inadequada dos recursos
dos bens ambientais. Precisamos conhecer melhor
os impactos dessas ações e dessa antropização
, disse. O coordenador informou que o Ministério
do Meio Ambiente liberará nos próximos
dias recursos de cerca de R$ 120 mil para apoio
à construção da sede do Núcleo
de Pesquisa de Recuperação de Áreas
Degradadas (Nuperade). O Núcleo é
importante para direcionar e organizar as políticas
públicas para a região .
Implantado pelo governo do Piauí, em 2004,
o Núcleo é situado na parte mais atingida
pela erosão, uma área de 53 mil hectares.
Segundo José Roberto, a idéia é
construir salas de aula, biblioteca, anfiteatro
para viabilizar pesquisas sobre a fragilidade do
ambiente. O local está cercado para impedir
a entrada de animais. Lá, pesquisadores desenvolvem
experiências utilizando práticas mecânicas
e vegetativas. Pelo processo mecânico, serão
aproveitadadas as microbacias para reter a água
no solo e o uso de trator para conter a erosão.
No vegetativo, a experiência está sendo
aplicada com o plantio dos feijões guandu
e caupi.
Segundo José Roberto, a idéia é
desenvolver com os parceiros no núcleo de
Gilbués ações efetivas voltadas
para a produção e combate à
pobreza. A expectativa é a de que, após
a visita à região, surjam projetos
para minimizar o impacto ambiental e social. Nas
oficinas realizadas no município, foram encaminhadas
propostas para o desenvolvimento de projetos na
área da agricultura, educação
contextualizada, gestão territorial e mineração.
Algumas ações do ministério
estão sendo realizadas na região sul
do Piauí, como o projeto Monitoramento da
Qualidade e Quantidade Água da Bacia do Rio
Gurguéia (PI), que será o primeiro
a ser implantado com recursos do Programa Nacional
do Meio Ambiente (PNMA II), no valor de 250 mil
dólares. Até o final deste ano, o
Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) concluirá
o diagnóstico detalhado das condições
físico-ambientais na região dos cerrados
piauienses. O objetivo é fornecer subsídios
para elaboração do zoneamento ecológico-econômico
na região.
Segundo os pesquisadores, o processo de desertificação
em Gilbués iniciou-se entre as dácadas
de 40 e 60 com a exploração de diamantes.
Hoje, imensas voçorocas no solo são
as marcas deixadas pela garimpagem, como na comunidade
do Boqueirão. Há também outra
explicação que contribuiu para a degradação
do solo ao longo dos anos: fatores antrópicos
(ação do homem) e ambientais (climáticos).
Gilbués está situada numa área
de transição, de clima subúmido
seco. Ou seja, chove muito num curto espaço
de tempo e é seco em períodos mais
longos. As terras quando não são arrastadas
pelas águas, vão embora durante a
seca, época em que os ventos chegam de 80
a 100 quilômetros por hora, resultando na
formação de grandes dunas de terras
fofas sem nenhuma cobertura vegetal.
Até o início de outubro, a equipe
concluirá o relatório que contemplará
análises técnicas sobre a geologia,
vegetação, território, fauna,
flora, entre outras. Participaram da visita, representantes
dos Ministérios do Meio Ambiente, Cidades,
Agricultura, Relações Exteriores,
Agência Nacional de Águas, Ibama/PI,
Codevasf, Secretaria de Meio Ambiente do Piauí,
prefeituras dos municípios dos núcleos
de desertificação, Instituto Cooperforte,
GTZ, Alfabetização Solidária,
Instituto Interamericano de Cooperação
à Agricultura (IICA), SOS Gilbués,
Editora Horizonte Geográfico, e outra entidades.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom (Gerusa Barbosa)