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NOVOS FORNOS ECONOMIZAM
MADEIRA DA CAATINGA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2005
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22/09/2005
- Populações da região
de Bom Jesus da Lapa, no sudoeste baiano,
e também do interior do Ceará
e de Pernambuco estão aprendendo a
economizar lenha para fabricar carvão
e, ao mesmo tempo, ajudando a preservar a
Caatinga. Com a substituição
dos fornos "bacurau", que consomem
7 metros cúbicos esteres de madeira
(metro cúbico de madeira retorcida,
típica do Semi-Árido) para fabricar
um metro cúbico de carvão, pelos
fornos do tipo "rabo quente" (foto),
que usam apenas 3 metros cúbicos esteres
de lenha para fabricar a mesma quantidade
de carvão, o consumo da madeira da
Caatinga é reduzido em quase 60%. |
MMA
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Cada
forno custa em média R$ 300, e não
requer muita qualificação profissional
para sua construção. A tecnologia
foi desenvolvida pela Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais.
O consumo da madeira para a fabricação
de tijolos, atividade comum no Semi-Árido,
também pode ser reduzido com melhorias
nos fornos. Atualmente são usados quatro
metros esteres de lenha para se fabricar mil
tijolos, mas esse número pode cair
para até meio metro estere com o aumento
da eficiência dos fornos, que em muitas
localidades são abertos e desperdiçam
calor.
Experiências como essas já estão
sendo incorporadas pelo Projeto de Manejo
Integrado de Ecossistemas e de Bacias Hidrográficas
na Caatinga, do Ministério do Meio
Ambiente.
O GEF Caatinga conta com US$ 4,1 milhões
do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF,
do inglês Global Environment Facility),
apenas na sua primeira fase, até 2007,
para estimular o desenvolvimento econômico
e social sustentável e a conservação
da Caatinga em 160 municípios de nove
estados do Semi-Árido (imagem ao lado).
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Esta semana, foram assinados contratos para o repasse
de R$ 2,3 milhões à Fundação
Araripe, Instituto Jurema, Instituto Amigos da Caatinga,
Associação Plantas do Nordeste, Fundação
Esquel e à ong Agendha.
Essas entidades são as primeiras parceiras
do programa, e serão responsáveis
por estudos envolvendo o melhor uso dos recursos
naturais, sobre espécies animais e vegetais,
desenvolvimento de programas de capacitação
de produtores e técnicos, formação
de bancos de dados, análise das linhas de
crédito e fontes de financiamento, e ainda
elaboração de programas para difusão
de informações sobre práticas
que levem ao uso susentável e à recuperação
da Caatinga. Novos contratos serão firmados
em breve.
De acordo com o coordenador do GEF Caatinga, Francisco
Barreto Campello, o programa aposta em boas práticas
de manejo para evitar o esgotamento da vegetação.
Além da escassez de recursos para famílias
e atividades produtivas, isso pode levar ao avanço
da desertificação com o empobrecimento
do solo. "O combate à destruição
da Caatinga e à desertificação
será reforçado com reflorestamento
em pontos críticos e com o manejo adequado
dos recursos naturais da região", disse.
No Semi-Árido, que abrange nove estados do
Nordeste e parte de Minas Gerais e do Espírito
Santo, muitas famílias e grande parte da
produção ainda dependem da madeira
e do carvão, produzidos com a madeira da
Caatinga. Conforme Campello, 40% do parque industrial
nordestino ainda usa lenha. "É a segunda
fonte de energia da região, atrás
apenas das usinas hidrelétricas", salientou.
Geração de energia em residências
e indústrias, alimentação animal,
construção de habitações,
de escoras e de mourões, por exemplo, ainda
são mantidas com a exploração
predatória dos recursos naturais. Na região,
o consumo industrial de madeira é de 29 milhões
de metros esteres de madeira por ano, enquanto que
o consumo nas residências chega a 39 milhões
de metros esteres a cada ano.
Para Campello, uma solução para esse
problema seria aumentar o número de unidades
de conservação, da área de
florestas manejadas e incentivar o plantio de espécies
nativas e exóticas.
Apesar de aproximadamente 50% da Caatinga ainda
possuir cobertura vegetal, as áreas protegidas
ocupam apenas 2% do Semi-Árido, e a maioria
delas não está exatamente naquele
bioma. As ações do GEF Caatinga estão
voltadas justamente para a recuperação
de áreas degradadas e ainda para a criação
de três corredores ecológicos e de
uma unidade de conservação.
Os corredores serão implementados nas regiões
de Peruaçú e Jaíba, em Minas
Gerais, das serras da Capivara e das Confusões,
no Piauí, e no sertão de Alagoas e
Sergipe. Conforme Campello, os corredores não
servirão apenas para unir fragmentos de florestas.
"As populações dessas áreas
receberão apoio e assistência técnica
e serão estimuladas a práticas como
recuperação de florestas e de áreas
degradadas", disse.
Municípios
por Estado |
Bahia |
19 |
Minas Gerais |
8 |
Alagoas |
11 |
Sergipe |
4 |
Pernambuco |
19 |
Ceará |
38 |
Paraíba |
18 |
Rio Grande do Norte |
16 |
Piauí |
27 |
Total |
160 |
Fonte: Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom (Aldem Bourscheit)
Foto: MMA
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