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PESQUISAS EM ARQUIPÉLAGO
DA COSTA BRASILEIRA TERÃO INVESTIMENTO
DE R$ 1 MILHÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2005
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19/09/2005 - Está
aberto o primeiro edital de seleção
de pesquisas, feito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), agência
de fomento do Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT), para o arquipélago de
São Pedro e São Paulo (ASPSP). O total
do investimento previsto é de R$ 1 milhão,
a ser liberado em três anos: R$ 300 mil neste
ano, R$ 400 mil em 2006, e R$ 300 mil em 2007.
O objetivo é
contribuir para o conhecimento da composição,
estrutura e dinâmica do ecossistema equatorial
do arquipélago. Neste sentido, o edital apoiará
projetos de pesquisa de demanda espontânea
e um projeto induzido referente ao tema Base de
dados para o Programa Arquipélago e Ilhas
Oceânicas.
Região de características únicas,
o ASPSP foi, por seis anos, coordenado em todas
as instâncias pela Comissão Interministerial
para os Recursos do Mar (CIRM). Em 2004, o CNPq
assumiu a coordenação científica,
absorvendo, por meio do Programa Arquipélago
e Ilhas Oceânicas, os 24 projetos de pesquisa
que já estavam em andamento, com encerramento
determinado para dezembro deste ano. Coube ao CNPq,
então, administrar esse período final
de apoio às pesquisas no local e estabelecer
novas ações para a continuidade dos
estudos.
Neste contexto foi elaborado o edital, cuja data-limite
para submissão das propostas é dia
30 de outubro. Os resultados devem ser divulgados
em dezembro deste ano, para, então, iniciar-se
a contratação dos projetos. O edital
está disponível no site do CNPq.
Posição
estratégica
Formado por
5 ilhotas maiores e várias outras de menor
tamanho, o arquipélago de São Pedro
e São Paulo está distante 330 milhas
náuticas do arquipélago de Fernando
de Noronha e 510 milhas náuticas do Rio Grande
do Norte, o ponto mais próximo da costa brasileira.
O desenvolvimento de pesquisas científicas
no local apresenta importância relevante em
aspectos científicos, ecológicos,
econômicos, sociais e políticos.
Do ponto de vista científico, sua posição
geográfica estratégica, entre os hemisférios
norte e sul e os continentes africano e americano,
atribui ao ASPSP uma condição privilegiada
para a realização de pesquisas em
diversos ramos da ciência. "A comunidade
científica o considera o único arquipélago
do Oceano Atlântico que não possui
origem vulcânica, mas plutônica",
explica Thomas Campos, coordenador de uma das pesquisas
em desenvolvimento no local. Para a oceanografia
geológica e a geologia, essas características
também são importantes para responder
questões referentes à evolução
e dinâmica do Planeta.
Desabitadas e desprovidas de qualquer vegetação,
as ilhotas pertencem à rota de espécies
migratórias de aves e peixes migratórios
de importante valor comercial, e possui um alto
endemismo de espécies subaquáticas.
Verônica Genovais, da Universidade Federal
de Pernambuco, que coordena pesquisa sobre a comunidade
meiofaunística do arquipélago, ressalta
que, pelas suas peculiaridades, o local apresentará,
possivelmente, uma fauna endêmica diferente
de outras ilhas tropicais no Oceano Atlântico.
"E a perspectiva de poder comparar a fauna
do arquipélago com a de ilhas oceânicas
será imprescindível para uma melhor
compreensão dos padrões biogeográficos
e maior incremento da biodiversidade brasileira",
explica.
No aspecto econômico, o ASPSP constitui uma
das mais importantes áreas de pesca do nordeste
brasileiro. Um aumento de 15% em área de
Zona Econômica Exclusiva do País (ZEE),
cerca de 450.000 km2, decorrente da efetiva ocupação
do arquipélago, a partir das atividades científicas
vinculadas à Estação, poderá
se refletir, no futuro, em um aumento correspondente
das cotas nacionais de captura de atum e outros
peixes do Atlântico.
Segundo Fábio Hazin, que há dez anos
desenvolve pesquisas no local na área de
oceanografia e recursos pesqueiros, apesar desses
peixes representarem um recurso que gera, anualmente,
mais de 4 bilhões de dólares, a participação
brasileira ainda é tímida. "As
informações geradas pelas pesquisas
em desenvolvimento no ASPSP constituem um importante
alvo de negociação na ICCAT (Comissão
Internacional para a Conservação do
Atum do Atlântico) e na FAO (Organização
para Alimentação e Agricultura nas
Nações Unidas", destaca Hazin.
Politicamente, o ganho em termos da efetiva ocupação
da ZEE representa cerca de 6% do território
nacional.
Fonte: Ministério da Ciência
e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (CNPq)