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PROJETO DE LEI DE GESTÃO
DE FLORESTAS PÚBLICAS É APROVADO
POR DUAS COMISSÕES NO SENADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2005
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21/09/2005 - Só
falta votação da Comissão de
Constituição e Justiça para
a nova lei que regulamenta concessões para
exploração sustentável de florestas
públicas ir para votação em
plenário.
Hoje de manhã,
as comissões de Meio Ambiente e de Assuntos
Econômicos do Senado aprovaram o PL de Gestão
de Florestas Públicas. Na primeira, o projeto
foi relatado pela senadora Ana Júlia Carepa
(PT-PA) e, na Comissão de Assuntos Econômicos,
pelo senador Jefferson Peres (PDT-AM). Amanhã,
o projeto deve ser votado pela Comissão de
Constituição e Justiça, que
será a última a analisar o projeto
antes de ele seguir para votação no
plenário do Senado.
Na comissão
de Constituição e Justiça,
o projeto tem como relator o senador Mozarildo Cavalvanti
(PTB-RR). Durante a votação do PL
na comissão de Meio Ambiente, da qual o senador
também participa, ele apresentou parecer
contrário à aprovação
do projeto, mas este voto não foi aceito
pelos demais senadores que integram a Comissão.
É provável que ele apresente amanhã
novamente um parecer contrário.
Ontem, ocorreu um
debate em audiência pública sobre o
projeto de lei que contou com a presença
do presidente do Ibama, Marcus Barros, do diretor
de Políticas Públicas do Greenpeace,
Sérgio Leitão, representando também
o Grupo de Trabalho de Florestas do Fórum
Brasileiro de Organizações e Movimentos
Sociais, de Ederson Zanetti, presidente nacional
para a Organização Internacional para
Biotecnologia e Bioengenharia, de João Paulo
Sarnento, do Instituto Estadual de Florestas de
Minas Gerais (IEF), e do representante do Ministério
do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco,
entre outros.
O projeto de lei
define normas de uso sustentável dos recursos
florestais em terras públicas. Se aprovado
pelo Senado, introduzirá um sistema de concessão
de uso de produtos e serviços florestais
pela iniciativa privada ou associações
comunitárias, além de criar o Serviço
Florestal Brasileiro, que seria o órgão
gestor do sistema de concessões, e o Fundo
Nacional de Desenvolvimento Florestal, que será
mantido com royalties pagas pelas empresas concessionárias.
João Paulo
Sarnento, do IEF, afirmou que o projeto é
uma boa oportunidade para o Brasil ganhar uma organização
fundiária satisfatória. O senador
Arthur Virgílio (PSDB-AM), defendeu uma proposta
de conciliação em torno do projeto,
propondo que a matéria seja aprovada na forma
como veio da Câmara, onde recebeu inúmeras
emendas.
Sérgio Leitão,
do Greenpeace, que participou da mesa durante o
debate, disse que a posição da organização
é de apoio ao projeto, mas que alguns problemas
de estruturação devem ser sanados.
“O Greenpeace faz total exigência de aumento
da presença do Estado na Amazônia.
A paz na floresta é fundamental para garantir
o bem-estar de populações ribeirinhas
e tradicionais. Deve haver também garantia
de recursos para os órgãos de fomento
para atividades sustentáveis”, afirmou Leitão.
Atualmente, os governos
federal e estaduais não possuem estrutura
adequada para a implementação do projeto,
uma vez aprovado. "O projeto tem objetivos
claros. Mas, se o governo federal e os estados não
investirem em recursos e infra-estrutura para a
correta implementação das concessões,
corre-se o risco de se ter apenas mais uma Lei que
não será cumprida na Amazônia”,
afirma Marcelo Marquesini, engenheiro florestal
do Greenpeace.
Marcus Barros, presidente
do Ibama, afirmou que o projeto tem condições
de ser aprovado e que ele é uma oportunidade
para resolver a questão fundiária
e estruturar a gestão ambiental no Brasil
e na Amazônia.
Ederson Zanetti,
da Organização Internacional para
Biotecnologia e Bioengenharia, questionou a competência
do Ministério do Meio Ambiente para gerir
sozinho toda a questão florestal no Brasil,
além de criticar o projeto por ter um viés
voltado para o extrativismo, defendendo sua vinculação
a outras iniciativas como a exploração
de espécies exóticas.
Sua posição
foi rejeitada pelo senador Jefferson Peres, relator
da Comissão de Assuntos Econômicos,
que afirmou que defender plantações
homogêneas na Amazônia atenta contra
sua maior riqueza, a biodiversidade.
Alguns senadores
questionaram o fato de o projeto estar tramitando
no Senado em regime de urgência, exigindo
que seja dado maior prazo para sua discussão.
A senadora Ana Julia Carepa rebateu essa afirmação,
dizendo que a atividade de exploração
florestal na Amazônia está parada porque
a questão fundiária não está
resolvida, e o projeto regulamenta exatamente o
problema da propriedade territorial na região.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa