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RECONHECIMENTO DE TERRAS
INDÍGENAS É DISCUTIDO NA CONFERÊNCIA
REGIONAL EM PIRENÓPOLIS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2005
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20/09/2005 - O processo
de reconhecimento de terras indígenas foi
discutido hoje (20) durante a Conferência
Regional dos Povos Indígenas de Goiás,
Tocantins e Leste do Mato Grosso. O encontro, que
se realiza até sexta-feira (23) em Pirenópolis
(GO), tem o objetivo de debater propostas para a
criação de políticas públicas.
De acordo com Arthur
Nobre Mendes, diretor da Divisão de Assuntos
Fundiários da Fundação Nacional
do Índio (Funai), a demora na demarcação
das terras – cinco anos, em média – é
a principal causa do descontentamento dos índios.
"É um processo lento porque exige muito
cuidado. Qualquer deslize implica anulação
de todo o processo", afirmou.
O processo de demarcação,
explicou, exige a realização de estudos
antropológico, histórico, ambiental
e cartográfico, além da produção
de laudo técnico. O documento é resumido
e publicado no Diário Oficial da União
e, depois, submetido a processo de contestação
administrativa, passando em seguida para a sanção
do ministro da Justiça e homologação
do presidente da República.
O diretor afirmou,
no entanto, que o processo tem avançado e
citou a região Centro-Oeste, onde apenas
20 áreas aguardam demarcação.
Mendes lembrou que é possível agilizar
esse processo, desde que os índios consigam
modificar o decreto que regulamente a demarcação.
"A regularização fundiária
nem sempre foi do jeito que é hoje. Se os
índios acham lenta, eles podem propor medidas
para torná-la mais ágil", disse.
Os indígenas
também se queixam de dificuldades no Congresso
Nacional que tornam o processo demarcatório
ainda mais difícil. Para o índio Karajá
Edmilson Moreira, é fundamental que o governo
garanta o direito indígena a terra. "Há
um grande interesse de políticos e latifundiários
para que a demarcação dessas terras
não seja feita. Alguns trabalhos antropológicos
já foram terminados e reconhecidos, mas ainda
há impasses para a demarcação",
afirmou.
O antropólogo
xavante Jurandir Siridiwê, presidente do Instituto
das Tradições Indígenas, Jurandir
Siridiwê, disse acreditar que a questão
fundiária está diretamente relacionada
a um impasse entre o passado histórico e
a necessidade de desenvolvimento. "Nós
queremos que o governo respeite o que foi discutido
democraticamente, que é a demarcação
das terras devolvidas, antes que o desenvolvimento,
que eles chamam de progresso, acabe com a nossa
história e com a nossa cultura". Siridiwê
alertou que alguns dos sítios arqueológicos
existentes nas sete reservas xavantes correm o risco
de desaparecer por causa da agricultura.
As propostas elaboradas
pelos índios durante o encontro serão
apresentadas na Conferência Nacional, que
vai ser realizada em Brasília em abril de
2006.
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Érica Santana