De acordo com o secretário Goldemberg, um
dos objetivos do evento é orientar o Estado
e os municípios no enfrentamento do problema
dos resíduos sólidos domiciliares.
Como exemplo, citou o fato de que mil a dois mil
caminhões por dia são utilizados no
transporte do enorme volume de lixo produzido na
Região Metropolitana de São Paulo.
Mudanças necessárias
O presidente da CETESB, por
sua vez, ressaltou a importância do seminário
ao permitir um maior conhecimento e a discussão
de tecnologias que vêm sendo amplamente
utilizadas no mundo, mas que encontram resistências
no Brasil. Lara lembrou que o Estado tem três
regiões metropolitanas - São Paulo,
Campinas e Baixada Santista -, com sérios
problemas relacionados aos resíduos sólidos
domiciliares, que necessitam ser debatidos e enfrentados,
com a adoção de medidas adequadas
e eficazes.
O secretário de Meio
Ambiente da Bavária também disse
que é preciso ter diálogos claros
com a população, para enfrentar
resistências contra mudanças no gerenciamento
público de resíduos domésticos,
a exemplo do que ocorreu em seu país, recordando
que o Estado da Bavária enfrentou problemas
semelhantes ao de São Paulo há cerca
de 30 anos. Segundo Schnappauf, aterros foram
substituídos por centros de tratamento
modernos, incluindo dispositivos térmicos,
e a reciclagem foi priorizada. Em 1970, havia
5 mil pequenos aterros, e hoje, somente 54, ao
passo que as centrais de incineração
são em número de 16, bem mais que
os 7 existentes em 1970. Já a taxa de reciclagem,
que há 20 anos era de 30% passou para 71%.
Disse que a colaboração dos cidadãos
foi decisiva, sendo que a consciência ecológica
atualmente é muito grande e todos querem
contribuir.
O secretário de Serviços
do Município de São Paulo, por sua
vez, informou que apenas 0,8% dos resíduos
gerados na cidade é reciclado e que, portanto,
há muito o que se discutir. Conforme o
diretor do Departamento de Limpeza Urbana - Limpurb,
Frank Whitton, os dois aterros sanitários
da Capital - Bandeirantes e São João
-, têm o final de sua vida útil previsto
para meados de 2007. Atualmente, o município
não possui incineradores nem usinas de
compostagem em operação. São
gerados cerca de 13 mil toneladas por dia de resíduos.
Já o secretário
de Habitação e Meio Ambiente de
São Bernardo do Campo, Osmar Mendonça,
lembrou que mais de 50% do território do
ABC sofre restrições da Lei de Proteção
aos Mananciais e que somente São Bernardo
do Campo tem 70% de sua área abrangida
por leis de proteção ambiental,
com todo o lixo coletado no município sendo
destinado a um aterro em Mauá, distante
18 quilômetros.
João Fuzaro, responsável
pela Coordenadoria de Licenciamento Ambiental
e de Proteção de Recursos Naturais
- CPRN, da Secretaria de Meio Ambiente do Estado,
que colaborou na produção do Inventário
Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares,
atualizado anualmente pela CETESB, confirma que
a relação de oferta locacional e
demanda é amplamente desfavorável,
com cada vez menos espaço para se dispor
o grande volume de lixo gerado.
“Muitos municípios não têm
onde jogar o lixo, inclusive por restrições
legais”. Lembrou que o Índice de Qualidade
de Aterro de Resíduos - IQR, um dos indicadores
de qualidade utilizados no Inventário Estadual,
não serve como instrumento para prognóstico,
já que não inclui conceitos como
os de vida útil dos aterros.