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JOVENS INDÍGENAS
FAZEM PESQUISA CIENTÍFICA NO INTERIOR
DO AMAZONAS
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Setembro de 2005
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24/09/2005 – Pesquisa
científica, conhecimento tradicional indígena
e educação escolar estão reunidos
na experiência do programa Jovem Cientista
no município de Benjamin Constant, na região
do Alto Solimões, no Amazonas.
"Trabalhamos
com três espécies: o cedro, a andiroba
e a castanha de paca. A gente faz pesquisa e também
o reflorestamento da área de capoeira, usando
mudas da floresta. Todo esse processo é trabalhado
em sala de aula em várias áreas temáticas,
como Matemática, Ciências, Geografia,
História e Língua Portuguesa",
explica José Nascimento de Carvalho, presidente
da Associação dos Produtores Rurais
da Comunidade de Guanabara 2 e professor indígena
responsável pelo projeto.
"A gente verificou,
por exemplo, que embaixo da árvore de andiroba
dificilmente você encontra mudas. Apenas a
200, 300 metros de distância. Pudemos concluir
que existem animais que se alimentam da fruta da
andiroba e contribuem no reflorestamento",
contou. Em julho, ele e mais um pesquisador indígena
passaram nove dias na Europa, apresentando a experiência
no Seminário de Ciência e Tecnologia,
evento do Ano do Brasil na França.
José dá
aulas para uma turma que reúne 32 alunos
da 5ª a 8ª séries do ensino fundamental.
São jovens e adultos que estavam fora da
sala de aula, a maioria deles agricultores da comunidade
Guanabara 2, onde vivem cerca de 400 indígenas
da etnia Cocama.
Cinco desses alunos,
com idades entre 17 e 48 anos, receberam durante
três anos uma bolsa de R$ 95,00 para realizar
a pesquisa. José, que é professor
contratado pela prefeitura, recebia R$ 190 mensais
de ajuda de custo.
"O projeto terminou
em julho deste ano, mas a gente está continuando
as atividades de forma voluntária. A comunidade
está muito motivada, três ex-alunos
do projeto conseguiram entrar na faculdade. Vamos
correr atrás de parcerias para que essa iniciativa
não termine", afirmou José, ele
próprio um estudante universitário,
aluno do Normal Superior da Universidade do Estado
do Amazonas (UEA) – cujas aulas acontecem no período
de férias escolares, justamente porque o
curso é voltado para a formação
de professores em exercício.
Em Benjamin Constant,
o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa) coordena a experiência local do Programa
Jovem Cientista Amazônida, financiado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Amazonas (Fapeam).
No
estado todo, o programa apoiou 39 projetos de pesquisa
científica desenvolvidos por professores
e estudantes do ensino médio, o que significou
um investimento total de R$ 1,57 milhões.
"Vamos realizar até novembro um encontro
em Manaus dos coordenadores desses projetos, para
avaliar a primeira etapa do programa. A partir daí
formularemos um novo edital, que deve sair até
o fim do ano, para que os novos projetos comecem
em 2006", diz a diretora técnico-científica
da Fapeam, Elisabete Bróqui.
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi