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MUDANÇAS CLIMÁTICAS
PODEM SER UMA DAS CAUSAS DOS GRANDES INCÊNDIOS
NO ACRE, SEGUNDO IBAMA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2005
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Regiões que
antes não sofriam com a seca agora passam
semanas e até meses sem chuva. Essa pode
ser uma das explicações, segundo o
Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), para os incêndios
que devastam áreas florestais no Acre há
uma semana.
"Precisa haver
uma ampliação de todo o trabalho que
temos feito nos últimos anos em relação
à prevenção de queimadas, pois
fenômenos meteorológicos que antes
não ocorriam estão começando
a acontecer, modificando o panorama que normalmente
temos para a região", observa o assessor
especial da Diretoria de Proteção
Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Kleber
Alves.
Para Alves, essa
seca prolongada na região é um fenômeno
meteorológico que já está sendo
estudado. É preciso, explica, identificar
as causas e verificar se faz parte de algum ciclo
de longo curso ou se é um fenômeno
esporádico, que não vai se repetir
nos próximos anos.
Ele diz que assim
como o estado de Roraima conviveu com o fenômeno
do El Niño e La Niña, que altera a
seca e as chuvas na região, "podemos
estar experimentando a introdução
de um novo fenômeno na região".
As equipes do Ibama
estavam preparadas para o que tradicionalmente acontece
no estado do Acre, pequenas queimadas, chamados
roçados, que nunca evoluíam para incêndios
florestais de grande proporção. "Só
que essa situação climática
intensa, negativa, fez com que essas pequenas queimadas
evoluíssem para incêndios florestais
de grandes proporções e de difícil
combate", diz Alves.
De acordo com Kleber
Alves, a falta de infra-estrutura para o acesso
rápido à região do incêndio
(reserva estrativista Chico Mendes, na região
de Xapuri) tem sido a responsável pela demora
no combate ao incêndio. "Nós não
temos estradas. Ali, é local de estrativismo.
Não têm muitos ramais de acesso aos
locais onde estão os focos de incêndio
que estão exigindo logística de transporte
comunicação e de acampamento para
o pessoal que está no combate e estruturas
muito grande", explica ele.
O assessor especial
do Ibama explica que, apesar do trabalho para conter
o fogo, "a extinção mesmo só
será possível com a vinda das chuvas
e o aumento da umidade relativa do ar na região
de floresta, que, na semana passada, chegou à
inacreditável marca de apenas 20%".
Essa umidade relativa
do ar, conforme ensina Kleber Alves, só é
verificada na região do Planalto Central,
onde se tem uma altitude elevada, muitos ventos
e uma região de cerrado com intensa insolação
do solo. "Na região de floresta, chegar
a 20% de umidade relativa do ar é algo extremamente
raro".
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Benedito Mendonça