regiões com potencial para produção.
Também há necessidade de novas tecnologias
industriais, que transformem os produtos agrícolas
em biodiesel. Este Plano tem como objetivo direcionar
nossas ações para os próximos
20 anos", acrescenta.
Segundo o Plano, a produção
de agroenergia no Brasil estará concentrada
em cinco grandes grupos: florestas, biogás,
biodiesel, etanol e resíduos. No que diz
respeito ao etanol, embora possa ser obtido de
outras fontes, a estratégia é que
ele será integralmente retirado da cana-de-açúcar
(veja figura abaixo).
Segundo Silvio Crestana, diretor-presidente da
Embrapa, para a concretização desse
cenário pressupõe-se o alinhamento
de diversas outras políticas governamentais,
como tributária, de abastecimento, agrícola
energética, ambiental e de comércio
internacional. Para nortear as ações
de pesquisa, desenvolvimento, inovação
e transferência de tecnologia no setor foram
escolhidas as seguintes diretrizes principais:
sustentabilidade da matriz energética;
sustentabilidade e autonomia energética
comunitária; geração de emprego
e renda; otimização do aproveitamento
de áreas antropizadas (onde houve ação
do homem); conquista e manutenção
da liderança do mercado internacional de
bioenergia; apoio e formulação de
políticas públicas; sustentabilidade,
competitividade e racionalidade energética
nas cadeias do agronegócio nacional; e
desenvolvimento de soluções que
integrem a geração de agroenergia
e a eliminação de perigos sanitários.
O documento destaca, ainda,
que é imperativo realizar, nas principais
cadeias produtivas (etanol, biodiesel, biomassa,
florestal, biogás e resíduos agro-industriais)
estudos de caráter sócioeconômico
e estratégico para formar um banco de dados
que permita o desenvolvimento de cenários
e estudos prospectivos para subsidiar as políticas
públicas no âmbito da agroenergia.
Agricultura de energia
Sob o conceito de biomassa,
três grandes vertentes dominarão
o mercado da agricultura de energia: os derivados
de produtos intensivos em carboidratos ou amiláceos,
como o etanol; os derivados de lipídios,
como o biodiesel; e os derivados de madeira e
outras formas de biomassa, como briquetes ou carvão
vegetal.
Neste cenário, a primeira
vantagem comparativa que se destaca, segundo análise
feita no Plano, é a perspectiva de incorporação
de áreas à agricultura de energia
sem competição com a agricultura
de alimentos.
O documento ressalta também
que o Brasil reúne condições
para ser o principal receptor de recursos de investimento
provenientes do mercado de carbono, no segmento
produção e uso de bioenergia.
No que diz respeito à
oferta e demanda de energia o Plano coloca que
a biomassa será a base da energia renovável
e também servirá como insumo para
a indústria química, antevendo que
esse segmento movimentará o maior volume
de recursos das transações agrícolas
internacionais a partir de 2050
Ações
estratégicas
Ao detalhar as ações
estratégicas para incentivar a produção
de Etanol, o documento elaborado pela Embrapa
estabelece também algumas prioridades,
como a eliminação de fatores restritivos
à expressão do potencial produtivo
da cultura da cana-de-açúcar, incrementando
a produtividade de cana, o teor de sacarose, o
agregado energético e o rendimento industrial
da cana.
Outro ponto é o desenvolvimento
de tecnologias poupadoras de insulso e de eliminação
ou mitigação de impacto ambiental,
o que inclui tecnologias de manejo da cultura
da cana-de-açúcar e a integração
de sistemas produtivos.
Aprimorar as atuais rotas de
produção de biodiesel, com valorização
do etanol como insumo, e desenvolvimento de novas
rotas são algumas das ações
prioritárias decididas para a cadeia do
biodiesel. O plano prevê ainda, o desenvolvimento
de tecnologias visando o aproveitamento da biomassa
de vocação energética para
outros usos na indústria de química
fina e farmacêutica.
Para a cadeia do biogás
são previstas ações como
a criação de equipamentos para aproveitamento
do biogás como fonte de calor, para o transporte
e distribuição do biofertilizante,
para a geração de energia elétrica
e desenvolvimento de estudos e modelos de biodigestores.
Para a cadeia de florestas energéticas
são sugeridos o desenvolvimento de tecnologias
que promovam o adensamento de áreas reflorestadas,
bem como a inserção de comunidades
de baixa renda no setor, além da substituição
do carvão mineral, em seus diferentes usos.
No aproveitamento de resíduos
e dejetos algumas das ações propostas
são a integração dos conceitos
de agroenergia e mercado de carbono e a interface
entre as redes de pesquisa para aproveitamento
de esgotos urbanos para fins energéticos.