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CHUVA EXTINGUE FOGO NO
ACRE E GOVERNO AMPLIARÁ TRABALHO
EDUCATIVO DE PREVENÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2005
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(11/10/05) - A chuva,
que desde o último dia 5 alivia o Acre, pôs
fim ao incêndio florestal que há mais
de um mês consumia o estado. “Depois de lutar
muito, os homens haviam conseguido controlar o fogo,
e então a chuva veio finalizar o trabalho;
o risco de o fogo voltar é zero”, afirmou
o chefe do Prevfogo/Ibama, Heloíso Figueiredo.
No Acre, a chuva é como no centro-oeste.
Começa em outubro e só termina em
março.
Neste momento, o
Ibama trata com o Governo do Acre e o comitê
estadual de prevenção ao fogo da realização
de novos cursos e ações de esclarecimento
dos acreanos sobre metodologias mais seguras de
se livrar de roçados e semear a terra que
não sejam as perigosas queimadas.
O incêndio
no Acre, que ameaçava sair de controle, foi
provocado por produtores rurais. Eles desrespeitaram
portaria do Ibama e do Governo do Acre, proibindo
a queima na época de seca, e queimaram roçados
ou a vegetação no pé, para
plantio. O que começou com fósforos
acabou em decretação de emergência
em 12 cidades, morte de 30 crianças com problemas
respiratórios, civis queimados, fechamento
de aeroporto etc.
Segundo Flávio,
mesmo com os autos de infração e os
autores virando notícia-crime no Ministério
Público, e réus na Justiça,
e mesmo com o Acre ardendo, havia quem continuasse
ateando fogo. A afronta foi tal que policiais e
fiscais passaram a sobrevoar não só
para averiguar o quadro, mas prender quem insistisse
na queima. “O resultado do incêndio é
desolador e talvez seja hora de a Justiça
considerar mortes por ele causadas como homicídio
culposo, além de crime ambiental, processando
com dureza ainda maior”, afirmou o diretor de Proteção
Ambiental do Ibama, Flávio Montiel.
O levantamento da
área atingida e das espécies vegetais
e animais mortas deve ficar pronto até o
final deste mês. “As perdas foram significativas,
principalmente na reserva extrativista Chico Mendes”,
adianta Heloíso. “As culturas da seringa,
óleo de copaíba e castanha do Pará
foram atingidas, com prejuízos para a economia
e a diversidade”. A região virou um cemitério
a céu aberto de macacos, pacas, tatus, preguiças,
jabutis. As chamas invadiram propriedades particulares,
matando plantações, bois, vacas e
ovelhas.
Satélites
– Desenvolvidos pelo Inpe e o Ibama, em parceria
com a Nasa e o Serviço Florestal dos EUA,
os satélites brasileiros que monitoram incêndios
estão entre os melhores do mundo. O monitoramento
dos focos de calor é permanente, como o sol.
Os dados colhidos pelos satélites são
compartilhados pelo governo com administrações
estaduais e municipais, com órgãos
do Comitê Social de Combate a Incêndio
nos estados e os governos do Peru, Paraguai, Venezuela
e da Bolívia. Servidores percorrem rodovias
de moto atrás de sinais de fumaça.
Agentes Ambientais Voluntários e brigadistas
preparados pelo Ibama ensinam comunidades rurais
a queimar com segurança.
Risco – Mesmo com
a logística brasileira para enfrentar o problema,
compatível com as necessidades, e a integração
dos três níveis de governo e a sociedade,
em comitês estaduais, é impossível
impedir em 100% a irresponsabilidade de indivíduos
temerários ou que vêem no fogo uma
indústria de dividendo imediato, inclusive
na cena internacional. “A compreensão dos
incêndios não pode se limitar à
esfera doméstica. É preciso creditar
a cota de culpa pelos incêndios florestais
aos governos de países que dão de
ombros a questões como o Protocolo de Kioto,
que limita a liberação de gases de
carbono na atmosfera de todo o planeta”, lembra
Flávio.
Facilitado pelo efeito
estufa, o clima se descontrola e o fogo vira uma
ameaça maior nos trópicos, sobretudo
na baixa umidade, e só morre com muita chuva.
“Quando ela demora ou é tímida, resta
ir a campo. Se a situação se complica,
como agora, aeronaves nacionais despejam água
do céu. Se o caos se precipita, buscamos
o Mercosul, como em 1998, quando um avião
cheio de uma gelatina azul levantou vôo da
Argentina para ajudar a extinguir as chamas em Roraima”,
explica Flávio.
Apoio – O Governo
Federal esteve ao lado do Governo do Acre e dos
prefeitos até que o incêndio fosse
controlado. O Ibama deslocou para o estado 150 bombeiros
do Distrito Federal, 18 especialistas do Prevfogo/Ibama,
dois helicópteros, dois aviões e equipamentos
necessários, como motobombas, respiradores,
facões, roupas especiais, mangueiras, motosserras,
barracas, rádio-comunicadores etc. A atenção
é com toda Amazônia Legal. Só
em 2004 o Ibama ministrou 400 cursos de queima segura
a 7.330 agricultores. As famílias também
receberam cartilhas e 447 kits de equipamentos,
pás e enxadas etc. O Ibama treinou 400 bombeiros,
militares e brigadistas, fornecendo aos quartéis
ferramentas para domar o fogo. “É inglório
guerrear com o fogo. O ideal é vencê-lo
com palavra, compreensão ecológica,
social e econômica. Agora que a paz voltou
ao Acre, é duro ver uma paisagem lunar onde
havia a vida”, finalizou Flávio.
Fonte: Ibama – Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(www.ibama.gov.br)
Ascom (Rubens Amador)