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DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO:
TRANSGÊNICOS NÃO SÃO
A SOLUÇÃO PARA A FOME DO MUNDO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2005
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14-10-2005 - Estudos
da FAO e de órgãos dos EUA demonstram
que o problema da fome mundial está relacionada
à má distribuição de
alimentos e concentração de renda
e não com a escassez de produtos
No Dia Mundial da
Alimentação, comemorado em 16 de outubro,
o debate sobre as soluções para o
problema da fome fica mais acirrado. Muitas empresas
de transgenia, como a Monsanto e a Novartis afirmam
que os alimentos geneticamente modificados têm
potencial para aumentar a produtividade de alimentos
no mundo e com isso erradicar a fome no planeta.
No entanto, depois de dez anos do cultivo de transgênicos
no mundo, a experiência mostra que o que está
acontecendo é exatamente o contrário.
As produções transgênicas perdem
produtividade depois de alguns anos e não
combatem as principais causas da fome no mundo:
a má distribuição de renda
e alimentos.
O Brasil é
hoje um dos maiores produtores de alimento no mundo,
entrando na lista dos maiores exportadores, produzindo
51 milhões de toneladas de soja em 2005.
71% dessa produção é exportada
na forma de grão, óleos, farelos e
carnes de ave e suína. No entanto 13,7 milhões
de pessoas passam fome e outras 40 milhões
têm uma alimentação insuficiente,
segundo dados do IBGE. “Não podemos culpar
os engenheiros agrônomos pela fome do mundo”,
diz Ventura Barbeiro, agrônomo da Campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace. “Os
culpados são aqueles que geram concentração
de poder e riqueza”.
Esse quadro mostra
que a fome não é resultado de uma
produção agrícola insuficiente
e sim um grave problema socioeconômico. "Muitos
dos temas polêmicos discutidos pelas sociedades
são carregados de verdades e mitos. Os transgênicos
não fogem à regra. O maior mito neste
caso é o de que os transgênicos são
a solução para a fome no mundo",
disse Gabriela Couto, bióloga da Campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace. "O
problema da fome não é a falta de
tecnologia apropriada para produção
de alimento, e sim a distribuição
de renda e de alimento entre a população
mundial".
Pesquisas recentes
indicam que o cultivo transgênico mais difundido
no mundo, a soja RR (Resistente ao Roundup®),
demanda uma grande quantidade de agrotóxicos
a partir do quarto ano de plantio e tem produtividade
pelo menos 3% a 5% inferior às variedades
convencionais.
O órgão de pesquisa das cooperativas
gaúchas, a Fundacep, mostrou que a soja transgênica
produz 13% menos que a convencional. Nos EUA, um
levantamento do USDA (departamento de agricultura
dos EUA) provou que a soja transgênica RR
produz entre 5% e 11% menos que suas correspondentes
convencionais. Um estudo de três anos feito
pela Universidade de Ottawa, no Canadá, comparou
o milho transgênico inseticida (Bts) com as
sementes híbridas usadas no país e
verificou que esses híbridos produziram quantidades
iguais ou até 12% inferiores a seus equivalentes
convencionais.
Além disso,
os produtos transgênicos são criados
em laboratório para favorecer a produção
em larga escala. São os grandes proprietários,
que detém tecnologias, que podem pagar royalties
às grandes multinacionais detentoras da patente
e que plantam para exportação. Isso
favorece o processo de concentração
de terras, expulsão de pequenos produtores
e aumento da população sem terra e
sem alimento.
Por isso, não
é preciso ser ambientalista para acreditar
que os transgênicos não vão
acabar com a fome do mundo. Além de promover
uma brutal concentração de renda e
dificultar ainda mais o acesso das populações
pobres à comida, os produtos geneticamente
modificados aumentam o uso de agrotóxicos
e podem causar riscos à biodiversidade do
planeta, ocasionando danos ainda não previstos
pela ciência, com conseqüências
dramáticas para o futuro do planeta.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa