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PESQUISADOR DO INPA LANÇA
LIVRO SOBRE PEIXES DO BAIXO RIO TOCANTINS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2005
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10/10/2005 - Bibliotecas
públicas, universidades, escolas agrícolas
e centros de pesquisa e ensino agora têm uma
nova fonte de pesquisa sobre a ictiofauna (estudo
das espécies de peixes) do Baixo Rio Tocantins.
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa), vinculado ao Ministério
da Ciência e Tecnologia, Geraldo Mendes dos
Santos, doutor em Biologia Aquática, acaba
de lançar a obra Peixes do Baixo Rio Tocantins:
20 anos depois da Usina Hidrelétrica de Tucuruí,
em parceria com Anastácio Afonso Juras e
os franceses Bernard de Mérona e Michel Jégu.
O inventário foi feito no período
de 1999 a 2003 e a pesquisa para elaboração
do livro levou um ano, resultando na identificação
de 217 espécies.
Segundo Santos, o
objetivo foi fazer o levantamento das espécies
de peixes que foram afetadas diretamente pela construção
da Hidrelétrica de Tucuruí, para saber
quais ainda habitam a região e quais desapareceram.
Ele disse que um trabalho semelhante foi realizado
em 1984, e esse agora vem completá-lo. “É
bom salientar que a ictiofauna da área, após
20 anos, ainda é bastante rica e diversificada”,
destacou. O material servirá de consulta
para várias instituições do
País, isso porque a Eletronorte, financiadora
do projeto, está distribuindo em escolas
dois mil exemplares do estudo.
O Rio Tocantins nasce
nas proximidades do Distrito Federal e flui em direção
ao norte, por aproximadamente 2.1000 km, até
desaguar no estuário do Amazonas, na Baía
de Marajó, próximo à cidade
de Belém (PA). Criado para produzir aproximadamente
4 milhões de quilowatts, o reservatório
de Tucuruí ocupa uma área de cerca
de 2.875 km². “É o maior reservatório
do Brasil, sendo o responsável por fornecer
energia para cidades como Belém e Carajás,
além de ser interligada com as Redes do Nordeste
e do Sudeste. O objetivo agora é dobrar a
capacidade”, observou Santos.
O pesquisador explicou
que o impacto ambiental foi grande, levando algumas
das espécies que existiam no local a desaparecerem,
porém outras tiveram um grande aumento. “Aquelas
espécies que eram adaptadas a regiões
de corredeiras desapareceram da área central
do reservatório, mas não quer dizer
que elas não possam estar na periferia do
lago”, disse, acrescentando que também foi
possível verificar quais os biótopos
(conjunto de ambientes distintos) que estão
ocupando os canais e as áreas periféricas.
Isso acontece, segundo
o representante do Inpa, porque o reservatório
é um corpo estranho no rio. De repente, esse
ambiente passa a ser favorável ao desenvolvimento
de espécies como o tucunaré (Cichla
monoculus), a pescada (Plagioscion squamossmus)
e o mapara (Hipophthalmus edentatus), na área
central e próximo às ilhas, que, mesmo
já habitando a região, agora têm
a oportunidade de se reproduzir com mais facilidade.
“Foi exatamente o que aconteceu. Houve um crescimento
do potencial de recursos alimentares, e esses peixes
aproveitaram tais recursos. O tucunaré, que
é carnívoro, se alimenta de outros
peixes e faz a cadeia alimentar funcionar. Formou-se
um novo equilíbrio, a partir de outro contexto
criado pela usina”, informou
Santos explicou que,
como são espécies de alto valor comercial,
a pesca das mesmas aumentou, e o pescador acaba
atuando como mais um integrante da cadeia. “Essas
espécies são as mais importantes,
que incluem a base de sustentação
do ecossistema. Mas também existem outras
que ficam mais na periferia do lago e constituem
a base alimentar dos predadores, como, por exemplo,
piabas e matupiris, pequenos peixes que não
passam de dez centímetros de comprimento
(caracídeos)”, explicou.
De acordo com o pesquisador,
essas informações são importantes
para a gestão adequada e manejo dos ecossitemas.
“O livro pode ser utilizado por gestores públicos
de recursos aquáticos, piscicultura e pesqueiros,
para a elaboração de estratégias
de preservação”, salientou, acrescentando
que todos os exemplares analisados no estudo se
encontram cadastrados e depositados na coleção
do Inpa, servindo para estudos sistemáticos
e de biogeografias dos peixes da Amazônia,
além de estudos taxonômicos da comunidade
científica do Inpa.
Fonte: Ministério da Ciência
e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (INPA)