17/10/2005 – Noventa e
dois moradores de 14 comunidades dos Rios
Curuçá e Manaquiri, no Amazonas,
receberam aulas teóricas e práticas
sobre o manejo florestal entre abril e agosto
deste ano. "Essas comunidades têm
problemas sociais, econômicos e ambientais
– e não há pessoal qualificado
que possa estar ali para dar suporte. Então
o manejo florestal representa para elas uma
oportunidade de melhorar de vida", afirma
a engenheira florestal Luciana Predosa.
Ela é coordenadora
do projeto implementado em Boa Vista do Ramos
pela Oficina Escola de Lutheria do Amazonas
(Oela), com financiamento do ProManejo do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Segundo Pedrosa, as aulas
trataram da importância do manejo madeireiro,
técnicas, legislação
e equipamentos de proteção.
Na parte prática, os moradores treinaram
principalmente o levantamento do inventário
madeireiro, no qual é feito o registro
da localização, espécie
e diâmetro de cada árvore presente
na área a ser trabalhada.
"Não é
proibido tirar árvores da floresta,
desde que seja de forma consciente, correta.
Mas nas comunidades envolvidas, eles exploram
madeira de qualquer jeito. Os moradores já
perceberam que as madeiras que buscavam antes,
como o pau-rosa, hoje já não
encontram mais", explica Luciana Pedrosa,
em entrevista ao programa Ponto de Encontro,
da Rádio Nacional (Amazônia).
Boa Vista do Ramos e a Reserva
de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá,
na região de Tefé, são
os únicos locais do Amazonas onde existem
Planos de Manejo Florestal Comunitário
aprovado pelo Ibama. Em Boa Vista do Ramos,
quem o executa é a Associação
Comunitária Agrícola e de Extração
de Produtos da Floresta (ACAF).
"A idéia agora
é apoiar a implementação
do manejo florestal nas comunidades mais mobilizadas.
Três já se uniram e estão
tentando formar uma associação.
Por isso, estamos escrevendo um novo projeto,
para buscar recursos", adianta Luciana.
"Outro resultado importantes é
que conseguimos editar uma Cartilha de Manejo
Florestal Comunitário. Além
disso, uma Câmara de Manejo Florestal
está sendo criada no Conselho Municipal
de Desenvolvimento Rural Sustentável.
Ela poderá apoiar essas novas experiências".
A Oela é uma organização
não-governamental que se dedica ao
ensino da construção de instrumentos
musicais (lutheria) e de pequenos objetos
de madeira decorados (marchetaria), utilizando
apenas matéria-prima certificada. O
projeto de capacitação em manejo
florestal comunitária recebeu aproximadamente
R$ 180 mil do banco alemão KfW, por
meio do ProManejo/Ibama – um subprograma do
Programa Piloto para Proteção
das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7),
coordenado pelo Ministério do Meio
Ambiente e financiado pela cooperação
internacional. A iniciativa teve também
apoio da prefeitura de Boa Vista do Ramos
e da Agência de Florestas do governo
estadual.