21/10/2005
- As pesquisas desenvolvidas na Estação
Antártica Comandante Ferraz são
estratégicas para o Brasil e para o
mundo, afirma o almirante José Eduardo
Borges dos Santos, da Secretaria da Comissão
Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm)
- órgão responsável pela
execução do Programa Antártico
Brasileiro. O país desenvolve, na estação,
estudos sobre as mudanças ambientais
na região, suas causas e conseqüências
para a população mundial.
Ana
Nascimento/Abr  |
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Ana
Nascimento/Abr
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Localizada na Ilha do
Rei George, a 130 quilômetros da península
Antártica, na baía do Almirantado,
a estação foi inaugurada em fevereiro
de 1984. Sua administração é
realizada por militares da Marinha do Brasil.
Na estação
brasileira na Antártica são
desenvolvidas pesquisas sobre o mar, a fauna
local e a atmosfera. Segundo o almirante Santos,
estudos sobre o aumento da temperatura global,
o efeito estufa, o aumento do buraco na camada
de ozônio, o aumento da poluição
atmosférica, entre outros, permitem
detectar alterações que causam
impactos na vida global. "Com base nos
fortes conhecimentos que já acumulamos
na estação, podemos afirmar
claramente que as secas do nordeste, a inundação
do sul e o fenômeno da friagem na Amazônia
são reflexos do que ocorre na Antártica",
afirmou o Almirante.
Para desenvolver os estudos,
48 universidades brasileiras, entre elas a
Universidade de São Paulo (USP), a
Fundação Universidade Federal
do Rio Grande (FURG), a Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), enviam
pesquisadores à Estação
Antártica Comandante Ferraz em diversas
expedições. Só em 2005,
cerca de 120 pesquisadores brasileiros passarão
pela estação.
Durante o verão,
a estação pode hospedar cerca
de 40 pessoas. Nesta época, quando
as condições são menos
severas, são executados os serviços
de manutenção, ampliação,
reabastecimento e apoio aos projetos científicos.
No verão, os ventos são mais
fracos e a temperatura alcança 5º
C. Já no inverno, a estrutura da pequena
vila em meio ao gelo antártico permite
a hospedagem de 12 pessoas e as atividades
ficam reduzidas. As instalações
da estação foram projetadas
para resistir a temperaturas de – 35ºC
e ventos de até 200 quilômetros
por hora, mantendo a temperatura interna estável.
A estrutura montada no local
oferece aos habitantes facilidades, simulando
uma pequena cidade. Há no local um
heliponto, um centro de comunicação
que permite ligações telefônicas,
serviços de telex e fac-símile
e uma agência de correios.
Para manter toda a estrutura
logística, só em 2005 a Marinha
Brasileira investiu R$ 3,5 milhões
na estação. Para o almirante
Santos, é mínima a relação
entre o custo e os benefícios das pesquisas
desenvolvidas na estação. "Todas
as descobertas e previsões a partir
dos estudos que são feitos na Antártica
não têm preço. Os benefícios
são incalculáveis", afirma
Santos, avaliando ser um grande benefício
ser membro consultivo do Tratado da Antártica.
Apenas 28 países fazem parte deste
grupo que tem poder de decisão sobre
o futuro do continente.