20/10/2005 - Representantes
europeus da GM-Free Regiões Network,
rede livre de alimentos transgêncios,
estiveram hoje no ministério do Meio
Ambiente para defender a comercialização
a longo prazo de soja convencional do Brasil
para a Europa. Em audiência com a ministra
Marina Silva, as 32 autoridades entregaram
uma carta de intenções, em que
enfatizam a necessidade de garantir uma área
de produção não transgênica
no País. "Há uma grande
resistência aos OGMs na Europa e precisamos
de soja convencional para produzir carne e
leite", disse a vice-presidente do Conselho
regional da região da Bretanha (França),
Pascale Loget.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
informou aos europeus que trabalha para garantir
que a regulamentação da lei
de Biossegurança, aprovada pelo Congresso
Nacional, garanta os mesmos direitos de plantio
e comercialização aos produtos
transgênicos e não transgêncios.
Segundo ela, da forma como foi aprovada, a
legislação dificulta a manutenção
de um modelo de coexistencia entre os dois
sistemas. A ministra destacou, no entanto,
que ainda há chances de melhorar este
texto.
"Ainda estamos procurando recuperar aspectos
que possam contribuir para que no Brasil possa
existir o modelo da coexistência",
disse a ministra. Segundo Marina Silva, há
boas razões para isso. "O Brasil
possui alta tecnologia para produção
de soja convencional e existe um mercado consumidor
que fez uma opção clara por
este produto. Essa visita é uma prova
disso", afirmou. A ministra destacou,
no entanto, que esta posição
do ministério não significa
que não haja espaço para produção
também de soja transgênica. "Defendemos
a necessidade de garantias para as duas partes.
E que os consumidores decidam o que querem
consumir. Isso é o princípio
da precaução e da democracia",
acrescentou.
Os representantes europeus convidaram a ministra
Marina Silva para participar da 4 reunião
mundial do GM-Free Regiões Network,
que acontece no próximo dia 30 de novembro,
na Bretanha. Ainda hoje, as autoridades têm
visitas agendadas com os ministros do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio; Desenvolvimento
Agrário e Agricultura, além
de uma audiência com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
O GM-Free Regiões Network foi fundado
em 2004 e reúne 35 regiões da
Áustria, Espanha, França, Itália,
Grã-Bretanha e Grécia. As regiões
européias associadas à rede
estão convencidas de que a generalização
da utilização de organismos
geneticamente modificados na agricultura prejudicam
os esforços que vem sendo realizados
há 40 anos, com a ajuda da União
Européia.