“Essa seca, durante
eu viver, foi a maior que eu vi. Quando
vim para o igarapé do Rei eu
contava quatro anos de idade. E eu já
estou com 46 anos”, conta Cleonice da
Costa, moradora da Vila dos Reis, localizada
na entrada do canal que leva ao lago
de 12 mil hectares, hoje reduzido a
pequenos espelhos d’água que,
somados, não passam de 1.000
hectares. “A mortandade de peixe, também,
nunca tinha visto. Todos os anos morre
peixe, mas este ano foi demais.
Foi a maior seca que teve, a maior mortandade
no igarapé dos Reis”. Para dona
Cleonice, a seca de 2005 é um
prenúncio do fim do mundo. “Os
parentes do meu esposo moram no Cambixi
(do outro lado do lago). Eles passam
por aqui com as canoinhas cheias de
peixe e falaram que os peixes estavam
morrendo lá no lago. Aí
foi que nós pegamos nossa canoa,
nossos utensílios, e fomos todos
pro lago, né? |