Técnicos do Ibama
e ribeirinhos realizaram na manhã de
ontem, na Ilha de Santana, a soltura de uma
gaivota (Sterna sp) que foi resgatada há
dias por um morador da região. A ave
havia sido socorrida no dia 23 de outubro
pelo catraieiro José Amarildo de Almeida
Souza, durante o percurso habitual na travessia
entre a comunidade localizada na Ilha e a
cidade de Santana. De acordo com Seu Amarildo,
o animal debatia-se às margens do rio,
a cerca de 50 metros do trapiche de atracação
das catraias – embarcações utilizadas
no transporte dos moradores da região.
Sensibilizado com o aspecto da ave, levou-a
para casa, onde improvisou uma gaiola de madeira,
telada com malha plástica e coberta
por palha e passou a cuidar da gaivota. Todos
os dias pescava em um igarapé próximo
a sua moradia e depositava pequenos peixes
e camarões em uma calha de PVC, no
interior da gaiola. A ave, atraída
pelo movimento dos pescados na água,
rapidamente os predava e, desse modo, foi
sendo alimentada.
Os cuidados do ribeirinho
com o animal despertaram a atenção
dos técnicos do Núcleo de Fauna
do Ibama. Segundo o veterinário Mauro
Jackson, a forma como foi tratada possibilitou
uma rápida reabilitação
da ave. “Isso depende muito do recuperador.
Às vezes, são pescadores que
não possuem muitos recursos e, na maioria
dos casos, as aves chegam muito debilitadas
e acabam morrendo antes que a recuperação
seja feita”. Como a gaivota permaneceu em
um recinto adequado e recebeu alimentação
apropriada, em poucos dias pode ser devolvida
à natureza.
Examinando a ave, os técnicos
encontraram uma anilha e as informações
registradas – Call 1800 -327 DAND, laurel
MD, 20708 USA, 1182-68040 -, indicam que o
animal migrou dos Estados Unidos. As informações
foram repassadas ao Centro de Pesquisa Nacional
para Conservação de Aves Silvestres
(Cemave), mantido pelo Ibama, que mantém
contatos com instituições semelhantes
no exterior. “Mesmo que a pessoa encontre
a ave morta, ela deve procurar o Ibama ou
o Cemave. Na anillha está contido um
código formado por letras e cinco números,
que indicam a procedência do animal
e, em casos de recuperação,
o centro de anilhamento responsável
é informado”, ressalta Mauro.
Rotas migratórias
- Entre as quase 200 espécies de aves
consideradas migratórias, muitas podem
ser encontradas no Brasil, que recebe aves
originárias do hemisfério Norte,
vindas dos Estados Unidos, Canadá,
México e países da América
Central. Também existem rotas migratórias
de aves provenientes dos países vizinhos,
especialmente Argentina, Uruguai, Chile e
até mesmo do continente antártico,
que permanecem em média, seis meses
no país. O Cemave é o único
centro em toda a América Latina que
acompanha a trajetória de aves migratórias
continentais e coordena, em nível nacional,
o uso de marcadores.