04/11/2005 - Os investimentos
sociais e ambientais influenciam cada vez
mais a reputação das empresas.
Segundo a inglesa Kerry ten Kate, diretora
da Insight Investments, 70% do valor das companhias
já são reflexo da imagem que
elas possuem junto aos consumidores e ao mercado.
A opinião é compartilhada pela
especialista em risco ambiental do ABN AMRO
Bank, Cristiane Ronza. "Reputação
é dinheiro", afirmou, hoje, durante
a reunião Empresas e as Metas de 2010
- Desafios para Biodiversidade, no hotel Transamérica,
em São Paulo.
O evento, promovido pelo Ministério
do Meio Ambiente e Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável,
conta com a participação de
empresários nacionais e estrangeiros
e busca encontrar caminhos que permitam um
maior engajamento do setor privado na preservação
e uso sustentável da biodiversidade.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
participa amanhã, sábado, do
encerramento do encontro, quando será
apresentado um documento que será encaminhado
à 8ª Conferência das Partes
da Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB), que acontece entre
20 a 31 de março, em Curitiba (PR).
O secretário de Biodiversidade e Florestas
do MMA, João Paulo Capobianco, disse
aos empresários que o governo brasileiro
trabalha para garantir um ambiente político
e institucional favorável para que
as empresas adotem uma gestão mais
responsável e sustentável em
relação à biodiversidade.
"Precisamos de uma parceria sólida
entre governos, indústrias e sociedade",
acrescentou.
Para Philippe Pommez, diretor de Internacionalização
e vice-presidente da Natura Cosméticos,
a pressão da sociedade será
decisiva para uma mudança mais rápida
de postura por parte do setor privado. "O
desempenho de uma empresa começa a
ser medido por outros indicadores, que não
apenas o econômico. Isso é resultado
de uma exigência dos consumidores e
tende a aumentar cada vez mais. Essa pressão
não pode parar", afirmou. Pommez
acrescentou, no entanto, que "fazer as
coisas direito" custa mais caro e que
para investir nesse processo os executivos
precisam acreditar as mudanças irão
agregar valor ao negócio.
Marcello Brito, diretor comercial da Agropalma,
empresa que produz 150 mil toneladas de óleos
vegetais e biodiesel por ano, também
concorda que as mudanças no setor privado
estão sendo reflexo de pressão
do consumidor "em alguma etapa da cadeia
produtiva". "Voluntariamente o empresário
não vai absorver mais custos, a não
ser que isso seja decisivo para a imagem da
empresa", ressaltou. Com sede no Pará,
a Agropalma possui 47 mil hectares de florestas,
quatro mil funcionários e um plano
de incentivo à agricultura familiar.