11/11/2005 - A geração
de energia com o hidrogênio obtido a
partir do etanol anuncia grandes perspectivas
para o mercado brasileiro de combustíveis.
Utilizar o etanol extraído da cana-de-açúcar
e aproveitar a malha de distribuição
já disponível para o álcool
constituem um cenário economicamente
animador. Também traz vantagens no
aspecto ambiental, uma vez que há um
ciclo completo de emissão e absorção
de gás carbônico (CO2), um dos
principais responsáveis pelo efeito-estufa.
Com essa tônica, o
Instituto Nacional de Tecnologia (INT), em
parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares (Ipen) – ambos unidades vinculadas
ao Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT) -, e Centro de Pesquisas de Energia
Elétrica (Cepel), deu início
ao projeto Geração de hidrogênio
a partir da reforma do etanol. A iniciativa
busca desenvolver catalisadores que permitam
a obtenção e a purificação
do hidrogênio a partir do etanol, para
ser usado na célula a combustível.
Uma das mais promissoras
aplicações da célula
a combustível no Brasil é a
geração de energia para comunidades
em que não há o sistema de eletricidade
convencional. Dados do Ministério das
Minas e Energia de 2003 mostram que aproximadamente
10 milhões de brasileiros não
têm acesso à energia elétrica,
a maior parte deles residentes na região
Nordeste. Do total de famílias que
vivem sem energia elétrica, 90% têm
renda inferior a três salários
mínimos e 84% vivem em municípios
com Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) abaixo da média nacional. Somente
na Amazônia, região em que não
há possibilidade de interligação
com as redes elétricas convencionais,
vivem 300 mil famílias.
Outra possibilidade de aplicação
da célula a combustível é
nos motores a álcool dos automóveis.
Com um catalisador eficiente, a transformação
do etanol em hidrogênio, produzida no
próprio motor, leva o hidrogênio
para a célula, uma espécie de
grande "pilha", gerando energia
limpa para movimentar o carro.
O projeto,
coordenado por pesquisadores do INT, leva
em conta a elevada produção
de etanol no Brasil, que, segundo dados da
Companhia de Armazéns e Silos do Estado
de Minas Gerais, deve chegar neste ano a cerca
de 17 bilhões de litros de álcool,
gerados a partir de uma produção
esperada de 440 milhões de toneladas
de cana-de-açúcar.
Uma das principais incentivadoras do projeto,
a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT)
apoiou a modernização do Laboratório
de Catálise do INT, que será
reinaugurado no dia 28 de novembro. A reinauguração
marca também os 20 anos de atuação
do INT no desenvolvimento científico
e tecnológico na área de Catálise.
No mesmo dia, prestigiando o aniversário,
o Instituto lança o fórum de
debates Questão Tecnológica,
que tem como objetivo discutir temas atuais
de importância para o desenvolvimento
do País. Nessa sua primeira edição,
o fórum coloca em debate as possíveis
rotas tecnológicas para utilização
de fontes alternativas aos derivados de petróleo,
bem como os esforços de pesquisadores
brasileiros na busca de caminhos que viabilizem
a auto-suficiência e o desenvolvimento
sustentável do Brasil em combustíveis.