NOTA TÉCNICA
A influenza ou gripe é
uma doença infecciosa aguda do sistema
respiratório, que pode ser provocada
por um dos três tipos do vírus
influenza, denominados A, B ou C. Além
dos seres humanos, este vírus também
pode ser encontrado em outras espécies
animais, tais como aves silvestres e domésticas,
porcos, eqüinos, entre outros. As cepas
mais patogênicas costumam ser do tipo
A, subtipos H5 e H7.
Periodicamente, as mutações
podem produzir uma cepa completamente nova,
para a qual toda a população
é susceptível, gerando condições
para a ocorrência de uma epidemia em
escala internacional, denominada pandemia.
De acordo com o Ministério da Saúde,
este fenômeno acontece quando uma cepa
que originalmente só infectava animais,
como as aves, atravessa a barreira das espécies,
passa a infectar diretamente os seres humanos
e, posteriormente, adquire a capacidade de
transmissão inter-humanos.
Desde 1997 o continente
asiático vem registrando alguns episódios
de transmissão direta de uma cepa de
vírus de influenza aviária de
alta patogenicidade (cepa A/H5N1) para o homem.
Recentemente também foram diagnosticados
alguns casos isolados na Europa. Até
o presente momento, a transmissão desta
cepa para o homem se dá por meio do
contato direto com aves infectadas ou mortas,
ou pelo contato indireto com as secreções
dessas aves. Ainda não há confirmação
de nenhum caso de transmissão entre
pessoas da cepa H5N1.
As aves aquáticas
silvestres, em especial os patos selvagens
(anatídeos), são consideradas
o reservatório natural do vírus
da influenza tipo A. Estas aves têm
sido portadoras deste vírus por séculos,
aparentemente sem maiores conseqüências,
uma vez que as cepas costumam ser de baixa
patogenicidade. Os problemas ocorrem quando
o vírus é transmitido para outras
espécies de aves, principalmente as
domésticas, mais susceptíveis
às infecções.
Ainda que remota, a chegada
ao Brasil do vírus da gripe aviária
por meio de aves migratórias não
pode ser descartada. Segundo o Centro Nacional
de Pesquisa para Conservação
das Aves Silvestres – CEMAVE/IBAMA, já
foram catalogadas pelo menos 163 espécies
de aves migratórias que em algum momento
do ano visitam o Brasil, 97 delas provenientes
do hemisfério norte, onde não
há, até o momento, nenhum registro
do vírus influenza H5N1.
A grande maioria das licenças concedidas
pelo IBAMA, voltadas para a captura de animais
silvestres, destina-se a ações
de pesquisa e monitoramento. Considerando
a falta de informações relativas
à biodiversidade brasileira e a possibilidade
realização de inquéritos
epidemiológicos com aves migratórias
em diferentes pontos do país é
de entendimento deste órgão
que estas pesquisas devem ser incentivadas
e não restringidas.
Inquéritos epidemiológicos
realizados para detecção do
vírus da Febre do Nilo Ocidental em
aves migratórias, coordenados pela
Secretaria de Vigilância em Saúde
do Ministério da Saúde - SVS/MS,
em ação conjunta com o IBAMA
e o Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Portaria Interministerial
no 2033 de 31 de outubro de 2002) têm
auxiliado na investigação da
ocorrência de mortalidade de aves migratórias,
por causas desconhecidas, visando controlar
a entrada desse e de outros vírus no
País, como o New Castle, influenza,
entre outros.
A questão do comércio
ilegal de animais silvestres deve ser considerada
como um fator de risco, uma vez que a entrada
clandestina de animais no país, pode
representar uma importante via para a disseminação
de doenças, dentre elas a febre aviária.
Porém, o problema deve ser tratado
de maneira genérica e não vinculado
a uma doença específica, evitando
assim eventuais retaliações
sobre um determinado grupo de animais como,
por exemplo, as aves. Cabe aos órgãos
competentes reforçar os sistemas de
vigilância nas fronteiras, portos e
aeroportos, bem como ao Ibama e aos demais
órgãos ambientais, intensificar
a fiscalização de maneira a
coibir essa atividade ilícita.
Apesar dos alertas divulgados
na mídia, a chegada do vírus
da gripe aviária ao País deve
ser considerada apenas como uma possibilidade
e não como uma certeza. Fatores como
a posição geográfica
privilegiada, a inexistência de rotas
de aves migratórias da Ásia
para a América do Sul e o fato do Brasil
ser exportador de aves, reduzem sensivelmente
as chances de entrada desta doença.
Ainda assim, todo o tipo de precaução
não deixa de ser necessária.