09/11/2005 - A madeireira
Gethal Amazonas demitiu na semana passada
300 dos 1000 funcionários que emprega
nos municípios de Manicoré e
Itacoatiara, no Amazonas. A empresa analisa
desde ontem (8) o termo de ajustamento de
conduta proposto pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) para conseguir aprovar o plano de
manejo florestal, mesmo sem possuir o certificado
que comprove a regularidade do título
de propriedade da área em que atua
– o Certificado de Cadastramento do Imóvel
Rural.
"Precisamos fazer os
cálculos para decidir se é vantajoso
começar a trabalhar agora, no início
do período das chuvas. Estimo que a
gente vá ter uns 30 dias com possibilidade
de retirar madeira, até junho do próximo
ano, quando começa a estação
seca novamente. Nesse curto período
de tempo, devemos ter um volume de colheita
que abasteça a fábrica nos próximos
seis a sete meses", afirma Carlos Guerreiro,
diretor de operações da madeireira.
Segundo ele, em 10 de junho
a Gethal protocolou no Ibama o pedido de aprovação
do plano de manejo. "Geralmente, demorava
no máximo três semanas para sair
a autorização. Mas até
agora a gente não conseguiu. Como resultado
do atraso, nossa produção foi
reduzida à metade. Na semana passada,
após colocarmos os funcionários
em banco de horas e darmos férias coletivas,
reduzimos em 40% nosso pessoal".
O chefe da Divisão
Técnica do Ibama, Virgílio Ferraz,
afirma que além do certificado (documento
que se tornou obrigatório para a aprovação
do Plano de Manejo Florestal a partir de setembro),
a Gethal não apresentou um documento
da Fundação Nacional do Índio
(Funai) que autoriza a exploração
da área. "Neste ano, a Gethal
quer retirar madeira de uma área que
fica a menos de dez quilômetros de uma
terra indígena".
De acordo com o assessor
da Diretoria de Assuntos Fundiários
da Funai, Reinaldo Florindo, o documento do
órgão deve garantir que a área
não é de interesse indígena.
"O processo passa por três setores
da Funai, antes do atestado ser expedido.
A análise dele demora em média
seis meses, porque temos muitos pedidos e
poucos funcionários", justifica.
A Gethal possui sede em
São Paulo e retira madeira em Manicoré,
mas a processa em Itacoatiara. A produção
média é de 60 mil metros cúbicos
de madeira em tora por ano e a madeira é
vendida para empresas do sul do país
e da Europa. No dia 8 de setembro, o diretor
da empresa havia declara à Agência
Brasil que a Gethal estava com prejuízos
da ordem de R$ 300 mil por mês (20%
do faturamento médio mensal de R$ 1,5
milhão). Os principais motivos apontados
por ele na ocasião foram a concorrência
da madeira chinesa no mercado europeu e a
desvalorização do dólar.