10/11/2005
- O Instituto de Botânica/IBt, órgão
da Secretaria do Meio Ambiente, iniciou nessa
quarta-feira (09/11) as comemorações
de seus 67 anos de existência e dos
76 anos do Jardim Botânico com a realização
do ”Curso de Atualização em
Recuperação de Áreas
Degradadas com Ênfase em Situações
Regionais: Áreas de Mananciais”. A
atividade, que se estende até sexta-feira,
faz parte do programa de políticas
públicas desenvolvido em parceria com
a FAPESP, abordando a problemática
regional dos diversos biomas, em diferentes
estágios de degradação
no Estado de São Paulo.
José
Jorge  |
O
evento foi aberto pelo Secretario do
Meio Ambiente, professor José
Goldemberg e contou com a participação
do comandante da Polícia Ambiental,
Paulo Menegucci, do diretor-presidente
da Fundação Parque Zoológico,
professor João Batista da Cruz
e do presidente da Comissão de
Meio Ambiente da OAB/SP, Carlos Alberto
Maluf Sanseverino, além do diretores
do Instituto de Botânica, Luiz
Mauro Barbosa e Dácio Matheus,
do Jardim Botânico. |
José
Jorge
 |
Para o professor Goldemberg,
“comemorar o aniversário com a realização
do curso foi uma idéia muito acertada,
pois confirma a possibilidade da aplicação
prática das pesquisas realizadas pelas
duas instituições na solução
dos problemas concretos enfrentados pela Secretaria
do Meio Ambiente, principalmente os relacionados
com a recuperação das matas ciliares
em todo o Estado”.
A aplicação
prática das pesquisas também
foi destacada por Luiz Mauro, ao falar das
linhas de ação do IBt, que incluem
o curso de pós-graduação
e a educação ambiental, além
da transferência do conhecimento técnico
e científico desenvolvidos pela Instituição.
“O curso de especialização oferecido
pelo IBt nos últimos três anos,
busca direcionar o trabalho dos graduandos
para preencher as lacunas do conhecimento
científico. Dessa forma temos avançado
bastante nas atividades voltadas para a recuperação
da cobertura vegetal do Estado”.
Um exemplo destacado pelo
diretor do IBt é a Resolução
Sma 47, de 2003, que orienta os projetos de
revegetação no Estado. “Ela
é um aprimoramento da Resolução
21, de 2000, com base na ampliação
da relação das espécies
da flora em extinção, listadas
na Resolução Sma 48. Essa ampliação
ocorreu graças aos estudos desenvolvidos
pelos pesquisadores no espaço de três
anos entre a publicação das
resoluções, quando foram identificadas
mais de 1 mil espécies, entre as quais
pelos menos 300 espécies arbóreas,
contra um total de cerca de 400 espécies
relacionadas no primeiro levantamento. Para
dar sustentação a esse trabalho,
Luiz Mauro lembrou que a Secretaria destinou
uma verba adicional de R$ 1 milhão
para o orçamento do IBt no próximo
ano.
O representante da OAB,
Sanseverino, classificou as resoluções
da SMA como “ferramentas importantes para
orientar e agilizar ações judiciais
sobre a recuperação de áreas
degradadas, colocadas a disposição
da sociedade, sobretudo do Ministério
Público, no que diz respeito à
orientação para o reflorestamento
com espécies arbóreas nativas
e significativas para a recuperação
do bioma”.
Sanseverino acredita que outra participação
importante da instituição da
SMA é na administração
da destinação que será
dada ao “Fundo dos Lesados”, com recursos
para recuperação de áreas
degradadas obtidos através de Termos
de Ajustamento de Conduta e administrados
pelo Ministério Público. Segundo
ele, o fundo dispõe de uma verba acumulada
de R$ 20 milhões, mas ainda aguarda
regulamentação para ser aplicado.
Por considerar muito oportuna a discussão
sobre a recuperação ambiental,
com ênfase na ampliação
das espécies utilizadas no repovoamento
vegetal, Sanseverino informou que vai encaminhar
proposta para a inclusão da Secretaria
do Meio Ambiente na gestão dos recursos
em posse do Ministério Público.
Essa posição
coincide com a proposta que Luiz Mauro e Dácio
Matheus pretendem encaminhar para a Secretaria
do Meio Ambiente, como forma de agilizar a
criação do fundo idealizado
pelo professor Goldemberg que prevê
recursos para a recuperação
de áreas contaminadas. A idéia
é estudar a possibilidade de incluir
administração de passivos ambientais
na regulamentação da aplicação
dos recursos do “Fundo dos Lesados”, com ênfase
para a aplicação na recuperação
das áreas degradadas.
Programa
As aulas dessa quarta-feira incluíam
a “Legislação sobre a proteção
de mananciais e possibilidades de Recuperação
de Áreas Degradadas (RAD) na bacia
da Billings e Guarapiranga”, apresentada pela
arquiteta Maria Cristina Medeiros, que enfocou
também a necessidade de contemplar
os aspectos sociais de uma região que
já se encontra densamente povoada.
Segundo ela, isso inviabiliza a aplicação
dos percentuais que determinam a preservação
de pelo menos 50 metros nas margens dos cursos
d’água e é um problema concreto
a ser enfrentado em qualquer projeto que procure
manter ou recuperar a qualidade dos mananciais.
Para ela, as soluções exigem
integração entre municípios
e Estado, assim como entre as instituições
ambientais, de habitação, transporte
e educação, entre outras.
Outro tema abordado no primeiro
dia do curso do IBt foi a “Produção
e Tecnologia de Sementes Aplicadas à
Recuperação de Áreas
Degradadas”. Nelson Augusto Santos Júnior,
pesquisador científico responsável
pelo tema, destacou a necessidade da produção
de mudas a partir de sementes obtidas em lotes
que garantam a viabilidade genética
das espécies.
O programa do dia 9/11 foi
encerrado com a exposição sobre
“Viveiros florestais: infra-estrutura, operacionalização
e aspectos técnicos”, apresentada pela
pesquisadora Lilian m. Asperti e Márcia
Oliveira Santos, que deram seqüência
sobre as técnicas aplicadas no cultivo
de mudas para projetos de revegetação.